Saudade de te amar
Saudade apenas
de tanto que te amei, tão breve
o tempo, mas tanto
espanto, de crer
querer-te, quase fome
Saudade de teus braços, só
sentidos no sono, sem sono
Saudade de voar-te na
minha noite, estrelada
Espada, lágrimas
sem dor,
saudade da entrega
plena, ousada
Saudade sem pena,
de crer num fado
apagado, breve amanhecer
lilás, riscado
partiu-se a lâmina num grito
de verão
anima, mordaz, ferro
rasgou, ardeu, carvão, sobrou
Saudade de ti
da neve, sargaço tempestade
Calor, carícia âmago beijo
Imaginado, abraço
no caldo da eternidade
Saudade até
da queda
antes da torre, menagem
antes do frio, potestade
selvagem
o ódio, saudade
Já não te amo. Isto
que sinto agora,
Saudade
apenas
de ti
Um "responder" ao lado, Madalena, é um não responder, por não se querer ou não se saber, ou até por se não prezar ou des-prezar.
ResponderEliminarE esta é uma não-resposta, em toda a linha.
(Pode, desde já, dizer isto mesmo do meu post de Rumi. Fica assim um empate técnico, que é a melhor maneira de ficar tudo como sempre ficará: na mesmíssima!)
Pronto! Já cá veio o "insecticida" (é o que parece o nome Lapdrey). Deixemos agora vir os epistolinos e epistolinas do "ridículo", e de quem aqui fará por certo (com toda a legitimidade e direito) a boa entoa "loa do gu-gu-da-dá" em papelinhos a cheirar a espuma de banho de"meu bebé" ...
Ah, e terá também uma Dona que é bernardinribeiramente experimentada, perdão, experimentista, ai perdão, especializada, bolas! perdão de novo, especialista em saudadismos agudos do passado que volta daqui a nada, ou de futurites de que há memória elefantina quântica.
Mas,... tirando esses desmazelos do sentir, até é muito boa criatura ...(risos!)
Já cá estou, “Bernardrey”, desculpe, Lapdrey ! (ainda bem que não é “insecticida”... para bem das borboletinhas que por aí e ali esvoaçam...) Mas se queria matar Saudades, pois aqui estou! Qual é a loa? Com um bocadinho mais de treino, até que “La-la-pdrey” levava leitinho... Essa dos papelinhos a cheirar a espuma de “meu bebé” é de génio epistolino... A ver se não me esqueço de apontar essa.
ResponderEliminarDesculpe, amiga Madalena (estranha e familiar, esta Madalena!...),estava a pensar (momento de rara beleza!) alto... Pois faz muito bem em ter Saudades, que assim, ajuda a matar as minhas.
Queria pedir-lhe uma coisa, Madalena, que a menina é mulher, sabe quem é essa Dona a que o nosso amigo Lapdrey se re (fere)? Não interessa! O seu poema, Madalena, não é, de facto, uma resposta. É uma contra-resposta... nunca “ruminosa”, mas será verdadeira?
Um abraço, Madalena e a minha admiração.
Conhece Lapdrey, minha amiga? Fica insuportável quando “cai dos calcanhares a baixo”?... Não é isso, tem a ver com o ar... não sei... já não sei se os calcanhares... não dá muito jeito...
Estimo em sabê-lo!
P.S.Um abraço e desculpe a brincadeira de Saudades, "Ribeiro" da parte do pai!
Obrigada pelo poema Madalena. Traz um compasso que ainda não tinha sido inscrito nas paredes da casa em que também a recebi.
ResponderEliminarDeixo um sorriso para cada um. Bem grande.
Tenho saudades da escravidão do teu olhar!
ResponderEliminarBelíssimo e fortíssimo poema, Madalena! Faz sentir o que diz.
ResponderEliminarA minha gratidão.
Desculpem não comentar tudo o que de grande e belo aqui têm publicado, mas ando sem tempo nenhum, embora não fora dele, infelizmente... E além disso confesso que neste momento me falta o ímpeto para comentar.
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ResponderEliminarAdorei a borboletinha com cor e cheiro de alfazema (ou será naftalina?) na sua imagem, Frau Saudadech Bach (risos!)
ResponderEliminarJá tínhamos a Rosacruz (tadinhos, tão secretinhos)!
Agora temos a Psyché(r)rosa: uma espécie de Testarossa, uma Ferrari em poeta. Estamos bem arranjados!
É certo que, no Alentejo, numa qualquer curva menos bem desenhada arrisca-se muito menos a atropelar uma árvore mais incauta a atravessar a planura...
As árvores alentejanas fazem-me, aliás, lembrar aquela do drama estático do Pessoa, "O Marinheiro": "Ainda não deu hora nenhuma."
Pudera! Assim, nem as árvores saem à rua!(risos)
...Agora, Lapdrey, foi o mais malvado ser que eu não conheço nem conhecerei!... Fico tristíssima que não tenha gostado da minha "borboletinha-rosa-azul".( agora era o desenho da menina com a lágrima no olho...)
ResponderEliminarPara lhe mostrar a minha indignação e fúria deveria obrigá-lo a conduzir por aqui em hora em que as borboletas saem todas para voar!... Eu queria ver se conseguia descobrir caminho livre, sem chocar com rosas e borboletas, seu mal agradecido a quem o estima e o trata bem...( agora era mesmo a ridícula língua de fora...)
Da troca dos perfumes não o desculpo, nunca! Nem que o mar seque ou gele, ou as montanhas se reduzam a areia que por entre os dedos se escoe em pó; ou que em rosa de deserto para sempre fique no interior da terra eu, para sempre! Nunca!... (agora é o desenho do boneco triste)
Quanto ao Ferrari... não os sei distinguir na planura, nem os vejo, entre os tapetes de papoilas... Vejo as árvores passarem e parece que o azul do rodapé descansa nas asas de uma borboleta, ou será o céu... que vejo?...
De poesia não falo, calo. Deveria fazer o mesmo.
...Não! Isso é de Aquilino... não,não.. "Aquilo"... Não é nada disso, é calcanhar... Mas porque é que estamos ainda falar? Terá perguntado A. de C.?
Agora, para lhe arrancar esse sorriso dos lábios, e a mim também, só lhe digo o que a minha mãe me dizia: " Quem desdenha...." e outra ainda pior: " É assim que eles começam..."
Nem me despeço, mas fujo, que é como os alentejanos dizem quando vão correr, "vão fugir", pois claro! e não é de Ferrari...
Não amar com saudade embora...Isso e muito interessante e já me deixou os dois neurónios neurasténicos...Muito bonito o poema Madalena! ( E não é nada lulubidu blá blá seu Lapdrey!)
ResponderEliminarCara Tamborim,
ResponderEliminarSe não me engano (se ainda sei contar), no meu primeiro comentário aqui, o primeiro parágrafo é dirigido, directamente, à Madalena. Não vejo lá nada de "du-bi-dus" ou de "gu-gu-da-dás". Isso parece-me estar (se ainda sei contar) no (ora bem, um.... dois... três... ai, não, é no dois) no DOIS, Tamborim! Pronto!.
E o parágrafo 2 fale de quem? Fala do diacho do insectívoro do Lapdrey, e fala também de certos entes epistolinos de ambos os géneros, e de sua mais que previsível "loa do gu-gu-da-dá". Mais nadinha!
De resto, o tom saudoso do poema da Madalena (que me dispensei e dispenso de adjectivar, para não "pecar" por excesso do usá-los, mas tão-só pelo defeito de omiti-los, dizendo apenas:"Ó Saudades 'Isto' é que é uma Saudades movimentada, hein?") nada tem "dos papelinhos a cheirar a espuma de banho de 'meu bebé'", coisa que se referia ainda e apenas a aos sucessos em outro post.
Aliás, limitei-me a dizer - e fastidiosamente me re-cito, uff...: "Um "responder" ao lado (...) é um não responder(...). E esta é uma não-resposta, em toda a linha."
Finalmente, "sua" Tamborim (risos!), estou espaventado de assombro (consinta-se-me aqui este delambido pleonasmo) com os recursos que a minha cara amiga aqui nos patenteia, apenas com "dois neurónios": espantoso! É obra!
Isto, ele há coisas fantásticas, não há? Tem a certeza de que não tem para aí um implante daqueles dos ET's , nem nada? (risos!)
Olhe que eu começo a achar que posso ter, sim, mas no meu caso não é bem implante, é mais desplante.
P.S.
Esclareço, para pior sossego de certas almas mais impressionáveis, que desplante é (também), em esgrima, a "posição em que o peso do corpo recai sobre a perna esquerda ligeiramente curvada,, e com o pé assente pouco atrás da perna direita".
Claro está que esta posição, ou a exactamente contrária ou simétrica, é igual ao litro para a Madalena, visto nada se falar aqui em "arrancar calcanhares", que eu acho duma atroz ternura (o Pessoa era capaz de gostar desta), em termos de amor assim a modos que mais saudosamente ginasticado, e que nisso se preze e aplique.
Um abraço muito amigo para a Madalena!
Para a Tamborim, "não" mando, não. Porque não achei graça alguma aquela de "seu" Lapdrey!
(risos!)
Vamos todos morrer e ninguém sabe o que vem depois. Porque brincamos como se todo o bem já estivesse assegurado?
ResponderEliminarBrincar é, porventura, caro Anónimo, a maneira de estarmos mais cercanos do que nem é jogo de dados, nem mecanicismo determinista.
ResponderEliminarTalvez seja eterno retorno do mesmo no diverso, sim ... mas, a cada "retorno", o que parece brincar como criança no universo, é ele também um a nova criança que brinca, uma brincadeira nova e um novo brinquedo.
Quiçá isso acontece a cada in-stante que se nos furta à usura do tempo, em que ancoremos os nosso multivários elementos.
Aí, nesse nenhures de todos os algures, quereria eu "estar" quando a tal porta pelicular de trespasse para o desvelo eu então me abrisse... e, então, ela se me mostrasse como a rasgada e natural evidência de quanto o meu coração escuta e a minha alma já sabe: só "eu", peregrino, ainda o não "sei"...
Por isso eu brinco... porque disso me vejo a ter saudades, isso re-cordo, e disso me lembro...
Estamos todos a morrer.
ResponderEliminar"Diz que sim", caro Anónimo.
ResponderEliminarMas “diz” também o seguinte, que Luiza Dunas aqui tão ofuscantemente segredou, dias, aliás, eternidades atrás:
“O homem nasce quando se levanta de haver nascido”.
Há nisto suficiente vida grande, em cada pequena morte...
Eu de facto andava para aqui com um latejar na fronte esquerda, que até me evoca um poema do meu amado Ginsberg, mas deixemos isso, e agora...vi a luz! Em vil imitação do nosso demonstrativo Lapdrey, diria mesmo: em luminescente iluminação!É vero, pois que as pontadas mais não são que o dito cujo implante, e eis-me tamborim marciano e sabe-se lá mais o quê num penumbroso porvir!
ResponderEliminarBom, bom, eh bien (laivos de francês ajudam qualquer comentário),o que dizia do bilu gu gu era sobre o meu próprio comentar, que o dito não era lá isso de espumoso (ainda por cima de bebé, blhac. (Prefiro caril de borrego, ademais).
O "seu Lapdrey" foi por causa da sua menção ao insecticida, em chistosa comparação com o seu nome!Era uma espécie de praga punitiva antecedendo-lhe a onomástica, nada desrespeitosa mas reforçadora do seu próprio chiste!
Cá fico triste e largada por cometer a maldade de não me enviar também um abracinho amigo.
Se fosse sua amiga terminaria com "sua Tamborim", mas como ainda não sou, termino com
Sua fã Tamborim:)
Caro anónimo:
ResponderEliminarEstamos todos a morrer, como estamos também todos a viver. Pois se a vida é uma ilusão também a morte o é.
E a vida é mais forte que a morte, suponho, pois sinto algures em mim a presença, de todas a mais pujante - da vida. Cansa-me esta conversa de (a)morte...
Atchimmmm!
ResponderEliminarAi, desculpe, amiga Aurora, que agora apanhou aí com uma série de protozoários defuntos.
Como a minha boa amiga não gosta de conversa "de morte", eu vou tentar uma "conversa de morte". (risos)
Começo por enviar um abracinho à fã número não sei quantos (não é que eu tenha perdido a conta, mas simplesmente porque detesto contar): uma tal de "Siôa Tamburiu", tá?
(Aliás, assim, com este já vão dois, contando com o anterior, mais irónico que outra coisa! Espero que outros eventuais "fãos" e "fãas" não fiquem de ciumeira pegada)
Pois saiba que gosto também de Ginsberg, aquela espécie de inegualável William Blake beatnik.
Ah,mas... agora percebo o Tamborim: como diz que gosta de caril de borrego (eu comeria o caril, a minha amiga ficava com o zé borrego), também deve gostar de arroz de Tamborim, perdão de Tamboril. (risos!)
Tem de convidar-me para experimentar essa iguaria...
Juntamos até um grupinho aqui dos "serpentinosos" e, se quiser, convida também o zézinho borrego, mas só para vista. Eu prefiro coisas com menos bedum. Por outro lado, o bedum também não deve ir lá muito com lapdreys.
Convidamos o nosso bom Paulo, para manter a ordem nas hostes ou as hostes na ordem - sim, porque eu, em almoços e jantares, não me ponho cá com atitudes indigestas... o que é que pensa a minha amiga... imagina que sou algum furão?
By the way! Eh eh! Fui ao meu prestimoso Houaiss dar uma olhada nalgum nominho patusco com antepositivo fura-, e escangalhei-me por completo: tem lá cada anedota linguística, que até é de quase perguntar quem diacho inventou pessegadas falativas daquelas! (risos!)
Eu depois até posso levar uma listinha, para rirmos ao repasto. Quer dizer, isto se não estiver lá nenhum dos Anónimos... Aí, temos diversão pela noite dentro (... ou noite fora?): a ver se de prevenção, não me esquece de levar o alcatraozão e peninhas, ok?
Lembrem-me, amigos... e amigas, claro. E toca de começar a afiar a dentuça!
"Good bye, Maria Ivone" - como lá dizia o outro, que só teve alguma graça por estas bandas, por estas bandas serem tristonhas que até dói só de lembrar em pensar nisso para a semana que vem...
Até já, amiga Aurora (não lhe digo Adeus, não vá pensar que estou a falar em morte...)
Ah, e "adorei" a sua lógica sem a mínima concessão, ali das suas duas primeiras frasinhas, sabe?
Fiquei derrubado!
(O nosso tataravô Aristóino deve ter sorrido, e "defuntou-se" de vez...)
Que amador de "sofilósofo" eu sou, por Zeus!
Ciao,(sua) Tamborim, a Fã!
("que maisss irrá me acontecerrr?")
Agora vou, tá? Que tenho as "Pataniscas à lusofonia" a torriscar... (risos!)
rsrsrs
ResponderEliminarCaro admirado Lapdrey, se entrar caril eu entro - isto tudo está a dar-me uma fome desmesurada, e jantarei carilada, a propósito!
Os demais que miem de ciumeira pegada, pois que sou fiel em sua cintilante peugada - uma espécie de aprendiz mas com o varapau cheio de caixinhas de caril.
rsrs
Abraço!
conversa de mornos cuspidos da boca de Deus
ResponderEliminarTira a trave do teu olho, ó Z!
ResponderEliminarSe fôr ainda possível pedir perdão,
ResponderEliminarpeço-te
se fôr ainda possível acreditares que quando os nossos olhares foram um só
o meu coração t(r)emeu porque soube que sempre foste a que mais amou
e em mim vi-me ridículo mas já não sou de tão patético que ainda insisto em ser
quando os nossos sorrisos ainda são esta não ausência manifestada
Caro Lapdrey, este poema não é uma resposta. Nem não-resposta. Não é resposta. Ponto. É apenas um exemplo. O meu. Além do mais, não o considero insecticida, de forma alguma. Como costuma fugir às categorias, mal me atrevo a dizer que o vejo assim mais como uma espécie de especiaria.
ResponderEliminarSaudades, Isabel e Paulo, obrigada pela leitura.
Tamborim, alguém que me conhece me disse, ao ler, que existia uma mentira neste poema. Por vezes, tentamos desfazer as coisas, para recomeçar.
Anónimo, claro que vamos todos morrer, como disse a Aurora. Por mim, quero viver até lá. Posso?
Manuel, deixou aqui uma linda carta de amor. Se tiver destinatária, entregue-a.
Abraço a todos.