quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Homenagem a Cesário Verde

Aos pés do burro que olhava para o mar
depois do bolo-rei comeram-se sardinhas
com as sardinhas um pouco de goiabada
e depois do pudim, para um último cigarro
um feijão branco em sangue e rolas cozidas


Pouco depois cada qual procurou
com cada um o poente que convinha.
Chegou a noite e foram todos para casa ler Cesário Verde
que ainda há passeios ainda há poetas cá no país!


Mário Cesariny de Vasconcelos, in pena capital
Assírio & Alvim; 2ª edição. 1999

8 comentários:

  1. e o teu professor da primaria?

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  2. Bem-haja por chegar, com o Vergílio a par da Liliana, à Serpente, os bons ventos da poesia portuguesa e não só. Que pena que sejam dados de forma pré-formatada nas escolas, de acordo com sebentas que não deixam saborear os frutos do espírito.


    Frescos os ventos deste poeta e fresca e colorida a presença do Vergílio neste blogue. Que o preencha sempre com vivacidade e com o verdadeiro tumulto do espírito criador.

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  3. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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  4. Onde há POEMA, felizmente nada mais se escuta. Nada mais de vê, nada mais é visível, tudo à volta deixa em nós a vaga sensação de nunca ter aparecido, como se fosse desde sempre desaparecido. E o melhor é que a vaga sensação é uma certeza.

    O Poema permanecerá.

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  5. O que eu mais aprecio neste poema de Cesariny é o "burro que olhava para o mar", o único aliás que, ali, não precisa de ler poesia para ser poeta.

    (Devo-te palavras, Vergilio, e muito silêncio entre elas, não estou esquecido!)

    Abraço, amigo!

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  6. Ânimos serenados...

    Companheiro, essa talvez a magia da contemplação. Sente-se.

    No espaço e no tempo de não haver palavra mais que sucinta que os definam. Esse silêncio é o tal... onde n(O)s encontramos. Retrato sem paisagem, cantor sem voz, alma sem poeta, folha sem palavra.

    Acabei de ler "os pobres" de Raul Brandão, prefácio de Guerra Junqueiro, mas ainda é cedo para me espraiar nessa costa :) ou espalhar, quem sabe?

    Um abraço numa noite clara!

    PS - não deves não!

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  7. "Esse silêncio é o tal... onde n(O)s encontramos." Assim é, Vergilio!

    "Isso", a luz em nós nascente e "O poente que nos convém".

    Abraço irmão, neste "burro que (também) olha o mar" das serranias!

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