Se a religião é a verdade, como afirma Pessoa-filósofo, e se a verdade é a existência, e se “ser verdadeiro é existir”; a forma inteligente, porque verdadeiramente humana, da verdade, é a religião. Ainda assim se coloca uma questão central: qual delas, de entre tantas que existem, é a verdadeira? Também Pessoa encontra, para este problema, três soluções possíveis:- existe apenas uma religião, sendo que existem várias formas dela;-existe uma religião verdadeira, de que as outras, sendo aproximações, seriam falsas; -todas elas são falsas, apenas representam um caminho para a religião verdadeira.
Como chega, então, o homem, intelectualmente, à religião? A partir da intelectualização dos elementos míticos, reduzindo-os a símbolos. Complicando os elementos míticos, ficando-se na complexidade dos sentimentos, subjectivamente, sendo que esta forma não interpreta, simplifica, num certo sentido, e complica, exteriormente.
Seguindo a exposição de Pessoa, o Paganismo teria seguido o caminho da intelectualização, mas, ao ver-se misturado com elementos do oculto, ter-se-ia afastado da dimensão humana e da essência do paganismo que, para além da pluralidade dos deuses que enformam essa mitologia, assentaria na criação como ideal humano, e na concepção do unviverso como fenómeno na sua essência objectivo.
Vimos que os elementos do oculto são os “elementos orientalizantes”, “bárbaros”, o que afasta, de algum modo, o intelecto, descentrando a religião da “região” da verdade. O Paganismo Superior de Pessoa, rejeitou (ou não?) esse elementos orientalizantes, bárbaros e ocultos.
Que aspiração a uma realidade divina os deuses emprestaram aos homens que vêem o Real como Ilusório?
E qual seria o papel do Destino, nesse Paganismo transcendental? E já agora, Portugal? E o Quinto Império? E a Saudade?
Como chega, então, o homem, intelectualmente, à religião? A partir da intelectualização dos elementos míticos, reduzindo-os a símbolos. Complicando os elementos míticos, ficando-se na complexidade dos sentimentos, subjectivamente, sendo que esta forma não interpreta, simplifica, num certo sentido, e complica, exteriormente.
Seguindo a exposição de Pessoa, o Paganismo teria seguido o caminho da intelectualização, mas, ao ver-se misturado com elementos do oculto, ter-se-ia afastado da dimensão humana e da essência do paganismo que, para além da pluralidade dos deuses que enformam essa mitologia, assentaria na criação como ideal humano, e na concepção do unviverso como fenómeno na sua essência objectivo.
Vimos que os elementos do oculto são os “elementos orientalizantes”, “bárbaros”, o que afasta, de algum modo, o intelecto, descentrando a religião da “região” da verdade. O Paganismo Superior de Pessoa, rejeitou (ou não?) esse elementos orientalizantes, bárbaros e ocultos.
Que aspiração a uma realidade divina os deuses emprestaram aos homens que vêem o Real como Ilusório?
E qual seria o papel do Destino, nesse Paganismo transcendental? E já agora, Portugal? E o Quinto Império? E a Saudade?
Deixem o Pessoa em paz. Também não era pequenoburguês
ResponderEliminarCreio que Pessoa foi claro quando escreveu, cito de memória, "na eterna mentira de todos os deuses, só os deuses todos são verdade". Mas creio que aqui ainda permanece na ilusão sincrética, pois não se pode obter a verdade da totalidade das mentiras: esse o limite do seu paganismo transcendental e do Quinto Império, enquanto "ser tudo, de todas as manieras". Prefiro hoje os rumos do Ultra-Ser de Álvaro de Campos e do "King of Gaps" da profundíssima poesia inglesa. Todavia esta questão é muito complexa e não consigo responder melhor por falta de tempo... Para a minha leitura crítica do sincretismo pessoano e de Agostinho da Silva, que todavia o transcende, remeto para "Tempos de ser Deus".
ResponderEliminarUm abraço
Desapeguem-se do Pessoa, do Agostinho, do Pascoaes, da Lusofonia e de vocês próprios! Desapeguem-se de todas as ilusões! Libertem-se! Sobretudo da ideia de se libertarem!
ResponderEliminarPaulo,
ResponderEliminarAgradeço a resposta, mas a complexidade do pensamento pessoano tem alcances e contradições e paradoxos, ligados, na minha opinião, aos sistemas que ele próprio recria e analisa, para neles integrar a sua ficção. Nesse sentido, dá-nos também a possibilidade de nela encontrarmos os paradigmas da nossa e da sua preferência.O estudo que Pessoa faz, as escolhas que revela,mais não fazem que dar-nos pistas para entendermos não só a sua contemporaneidade, como também as suas próprias buscas. Ele mesmo sincrético...
Abraço, Paulo.
Anónimo e long,
ResponderEliminarCreio que Pessoa estará em paz. A sua obra é mesmo um convite a dele nos libertarmos e de tudo o que prende a mente a uma ideia única de verdade. Estamos em paz connosco também. Obrigada pelos vossos conselhos, foram de grande utilidade:)
Vá lá, façam um esforço por partilhar as vossas próprias opiniões, que de conselhos... agradecemos.
Partilhar opiniões é partilhar ignorância. Não tenho opiniões, as opiniões não me possuem.
ResponderEliminarCaro long,
ResponderEliminarNão creio que esteja liberto de opiniões nem de as partilhar. Mas esta é só a minha opinião. Se não nos quer dizer como conseguiu libertar-se da ignorância, teremos que passar a ignorar os seus bons conselhos que a ninguém e a nada aproveitam.
Não leve a mal estas palavras, peço-lhe.
Quais palavras!?
ResponderEliminarEsqueci-me de dizer que a única coisa de Pessoa que considero insuperável é o Caminho da Serpente...
ResponderEliminarAbraços
long,
ResponderEliminarAcho que não o vou ignorar, ainda e pelo menos desta vez, pelo simples facto de ter compreendido(lendo outros posts e outros comentários) que afinal tem opiniões, e portanto,não está ainda liberto da ignorância. Diria até que tem certezas, e que, a meu ver, faz uso delas como matéria de provocação. Estamos pior! Mas todos sabemos que um blog é um espaço comum. Seja então por esse lado, a sua participação neste espaço.
Caro Paulo,
ResponderEliminarReconheço que "O Caminho da Serpente" é sintese do pensamento esotérico de Pessoa, quase afirmaria que esse livro que não há, poderia ser a "Ordem Secreta" e pessoal de Pessoa, se isso não fosse absurdo.
Lembro só: "Todos os caminhos no mundo e na lei são rectilineos; o caminho da Serpente é a evasão dos caminhos, porque é, substancial e potencialmente, a Evasão Abstracta, o reconhecimento da verdade essencial, que pôde exprimir-se, poeticamente, na phrase de que Deus é o cadáver de si-mesmo; a descoberta do Triângulo Mystico em que os trez vértices são o mesmo ponto, o segredo da Trindade e do Deus Vivo, que, em certo modo, é o Homem Morto em e atravez de Deus Morto".
(Esp. 54A-12)
Cara Saudades, entendo à minha maneira o que Pessoa aí escreve, embora essa linguagem não me seja muito afim... Prefiro a passagem que coloquei no início do blog.
ResponderEliminarAbraço
O que tu preferes sei eu! Dares ares de profundidade espiritual e intelectual, quando na verdade és um egodependente com a cassette da vacuidade e da lusofonia, sem sequer veres a contradição entre uma e outra! Cura-te!
ResponderEliminarLong, infinitamente grato pela sua observação, que é inteiramente verdadeira! Farei todo o possível por seguir o seu conselho.
ResponderEliminarMeu caro Long, por aqui também?
ResponderEliminarO meu amigo parece estar em toda a parte: para ser ubíquo só lhe falta, como direi … “ser”, coisa que bem parece não estar nos seus planos querer aprender.
Ou será que o que está nos seus planos é o aprender a querer? Se assim for, já muita coisa se (des)entende daquilo que diz, ou diz que diz, ou não diz que diz mas pensa, ou … etc…
Porque não tenta ser outra coisa, sei lá, “não ser” por exemplo: isso pouparia imensa paciência a quem jamais (lh)a recusa, mas sempre ficava mais tempo para certas pessoas pacientarem long’amente com outras “aventasmas” que teimam em pulular por aí (e por aqui também) na sua mera capacidade de serem incapazes.Isto , é claro, para além do muito que têm para fazer.
Se ao menos o ser cordial e o ser sério na coerência de ser incoerente ou o contrário (quer ajuda? Incoerência de ser coerente) lhe não custasse muito ao auto-suportar-se - deve ser esse um ou O seu problema maior (digo eu, “como diz o outro”…) - faria o meu amigo um enorme favor a si mesmo em deixar-se de perdas de tempo (que não “há”, já sei, escusa de lembrar, obrigado) e assim comprovar a si mesmo que o há.
Quando perceber que nós é que estamos (se estamos, quando estejamos) no tempo e não tanto ele em nós, terá começado a começar: já será um passito. Enfim, a “velocidez” do caminhar muito depende da altura da pernoca, que aqui obviamente é outra coisa.
Bem, vou-me retirando, pois não quero ficar com remorsos de lhe fazer perder o tempo que não há, embora o meu amigo mostre a si próprio (e aos que aqui andam) que há, no ter tempo para dizer que ele não existe. Uff...
Entretanto, só uma coisinha: já que “long” é manifestamente menos longo que “longânime”, fica aqui mais que provado que Paulo Borges (e seus pares, ou os "ímpares" e seu "par" Paulo Borges, como prefira) é mais “qualquer coisinha”...
(A)o long(e): A-Deus!
Lapdrey, li-o várias vezes e confesso que não entendi... Sobretudo o final. Pode ajudar-me?
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