sábado, 22 de novembro de 2008

Recital de Pedro Casteleiro e Manu Clavijo na Corunha


Vale a pena, amigos, voltar da mão de um amigo. Aqui vai este recital que recentemente nos deram Pedro Casteleiro e Manu Clavijo na Corunha.


http://www.udc.es/dep/lx/cac/sopirrait/sr090.htm

9 comentários:

  1. E um sorriso feliz por ver o regresso do Jose Antonio Lozano pode ser um recital de quê? (...)

    Bem-vindo!

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  2. Um Abraço, Chiqui! Gostei de te ver em Santiago e de te rever aqui! Continua a aparecer nas asas da Serpente!

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  3. Grande Galiza, nossa noiva de sempre! Para quando as Núpcias!? Para quando a libertação do raptor castelhano?

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  4. Espero voltar, até porque tenho dívidas pendentes para com os amigos da Serpente mas ando, como já te disse, Paulo, muito atarefado ultimamente.

    Eu também fiquei contente de termo-nos encontrado em Santiago embora tivesse gostado que fosse com mais tempo e mais vagar.

    Serpente finistérrea,
    Inês de Castro era galega e essa é uma dura verdade para todos nós. O namoramento entre a Galiza e Portugal levanta grandes paixões mas é necessário que os nacionalismos (português, galego, espanhol) se transformem numa forma mais evoluída de consciência política e social. Eu penso sobretudo numa acção de carácter cultural no seu sentido mais amplo. Em todo o caso Deus sabe melhor. Um abraço amigo.

    Quanto à Isabel, estou quase envergonhado de apresentar-me assim, sem nada. Digo "quase" porque conhecendo a Isabel(um pouco) seria uma vergonha envergonhar-se diante dela, generosa que ela é. Envio-te um beijo sorridente da Galiza. Com o fim de ser perdoado construi estas "Quadrinhas imperfeitas" que vão dedicadas também a Luiza Dunas

    "Quadrinhas imperfeitas"

    Á noite escrevo meu cantar de amigo
    sem pena e tinta, sem triste penar
    escrevo à noite como um rei antigo
    que deixou o trono para poder reinar

    Mas o dia borra o que a noite armou
    como um mendigo enviado a mandar
    o trovador da noite que tanto amou
    passa pelo mundo sem passar.

    Rei, mendigo, também senhor
    aqui tendes o segredo mais fundo
    do que perde e encontra seu amor
    e não cabe, amigos, neste mundo.

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  5. José António adorei as "quadrinhas imperfeitas". Mas imperfeitas só face ao Amor sentido que não é deste mundo; na linguagem dos homens parecem-me muito bem. Vi agora e para agradecer o que de belo e fundo partilhaste comigo, fui procurar um texto antigo meu, sobre o bailado de "Pedro e Inês" da Olga Roriz. Para te agradecer o beijo e o "envergonhamento", se a palavra existisse, mas é engraçada e diz mais do que estar envergonhada/o. Um excerto do texto sobre o amor e a morte.


    No Amor o estranho pode ser o anjo. E, se pensarmos apenas e só nos exemplos da Bíblia, a presença inesperada do anjo anuncia sempre o início da luta de nós connosco próprios. O anjo não é o arauto de um conflito externo ao sujeito. O anjo do Amor e o anjo amado são um mesmo e só, porque o que eles nos pedem é que deixemos de ser o que somos e nos possamos tornar noutros para além de nós. O anjo do Amor, porque estar amando é estar sendo visitado por um anjo, o anjo da Morte, significa a agonia de um certo que temos sido. Da morte de si mesmo. Desse pouco que se era, desse ser normal e idêntico aos outros que éramos e temos sido. Deus não quer tornar Abraão num homicida. Quer apenas que ele se converta ao que ainda não era. O Amor é o anjo dos múltiplos que há em nós. Esse é o seu mistério. O de proporcionar o nascimento daquele que ainda não éramos. Pedro era infante mas não o rei trágico. Mas morre na infância para não se tornar rei e homem, humano, mas inumano. O mistério que não passa por tornar os outros mortais, como na guerra, mas por tornar-nos imortais a nós, com os anjos que nos salvam da nossa miséria e da nossa solidão. Anjos que não nos pedem outros sacrifícios para além do sacrifício de um certo eu que pode agigantar-se, como Orfeu e Pedro, ao reino dos Mortos para onde partem os e as que foram amados e amadas, homens e mulheres que nos chamam com uma voz que não é deste mundo. Para o Amor ser a essência musical do mundo é preciso que os seus Anjos tenham voz melodiosa, ou sejam portadores dos sagrados instrumentos de Apolo ou Diónisos: ou de uma cítara ou de uma flauta. Ou porque são criadores de um véu ou manto que a salva, feito de pranto e canto, como consente o poema da Fiama Hasse Pais Brandão: Teceram-lhe o manto/ para ser de morta/ assim como o pranto/ se tece na roca (…) Também de pranto/ a vestiram toda/ era como um manto/ mais fino que roupa; ou inspiradores de um grito que nos redime de uma linguagem que nos privou de ensinar, pelas emoções, o grito de luto e de exaltação aos pássaros inumanos do céu, todo o poder de uma alegria e de uma dor como a que está escondida no Amor. Porque, ainda que possamos dizer que a poesia é linguagem, e que é nela e por ela que se canta o Amor, em humana verdade ela não é nem linguagem, nem humana. Ou todos seríamos poetas, ou todos seríamos Pedro e Inês. A poesia, por ser linguagem de Amor e da dor, não é senão a prova mais decisiva do carácter inumano e profético do anjo a falar-nos de si, dos amantes e do jogo da liberdade da alma que é o poder de pela memória ressuscitar os mortos. O poeta apresenta o Amor porque ele é um profeta, um Hermes: viajante do mundo superior e do mundo inferior, do céu dos anjos e do degredo dos mortos.


    Recebe um sorriso de quem tem nome de Santo da Galiza...

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  6. Muitas graças, Isabel, pelo teu texto. Concordo plenamente com o seu sentido e dá no alvo realmente. Lembra-me isto obviamente Rilke mas penso também em Ibn al Arabi, quem defendeu uma posição muito semelhante e lhe valeu a imcomprensão dos teólogos islâmicos. Ainda também, e na actualidade,Sayd Bahodine Majrouh ("Le voyager de minuit" e "Le rire des amants")onde poeticamente exprime o seu diálogo com o anjo da morte de um jeito enigmático mas muito pouco literário (no sentido em que ele realmente fala de uma experiência contemplativa). Ele foi assassinado pelos fundamentalistas e é surpreendente como ele dialoga com o seu anjo.

    Emfim, Isabel, agradaria-me muito continuar mas estou entre duas aulas.(Agora não tenho internet na minha casa pois mudei para Pontedeume, perto da Corunha)

    Gostaria, isso sim, de que algum dia tenhamos a oportunidade de conversar, recitar, ler...

    Um forte abraço.

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  7. Obrigada pelo convite e magníficas sugestões de leitura. Boas aulas, também!

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