domingo, 5 de outubro de 2008

PARABÉNS

Para o Paulo Borges, um beijo de Saudade

Queria que o poema fosse contemplação
E que de tanto contemplar o mundo
Se tornasse o poema essa plena visão
E essa visão vibrasse mais que o mundo
E em saudade eterna, a sua mesma sombra

Nele não existiria visão gasta ou turva
Nem gosto de querer ou possuir
Queria um mundo brilhante, em onda viva
E nessa onda, em desejo erguida, queria
Mais do que tudo, não querer nem ser.

E nesse não querer, tudo sonhar e ser
E nesse render, abdicar de haver
Vivesse em todo o poema que há
Debaixo do céu, um outro sol dormia

E eu era a Saudade que existia

Só para de mim mesma me esquecer.


E que nesse mundo, porque é alta a chama
O chão se abrisse em rosas de saudade
Colhidas em noite que anuncia o dia
E que o tempo recolhesse a essa moradia
E tudo o que nascia já não tinha idade
Para que fosse eterna a rosa da alegria.

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