À procura de Beatriz parte em viagem, que é iniciação de Amor, o barco que aportou à ilha do fim. O guia vê a donzela a sonhar de olhos fechados, e passa para além dela para não a acordar. Um halo de luz resplende do seu rosto extasiado. É um momento que não pode ser interrompido, nem por mortos nem por vivos. Grita para o comandante que não a viu, que só sonhou uma boca entreaberta e que das mãos em asa entrelaçada, teria visto a divina pomba deixar nesse regaço uma rosa de luz. O comandante, o fiel, deixou cair duas grossas lágrimas que formaram um rio a correr debaixo dos olhos. A figura do fiel traz na mão aberta em palma a luz da vida, mas Beatriz não a vê. Dorme ou sonha enlevada e extática. Contempla o céu e a terra. Esquecida do Amor e do sabor dos frutos da terra. O pintor guarda a mulher na luz que a envolve e pinta na fronte do homem uma serpente. A mulher acorda dos mistérios de Isis e segura na rosa. Cresce com ela a saudade do rei, cresce na flor do tamarindo até ao fim do tempo. Até ao fim do ritual onde o filho eterno se consome na chama. Senhora da Saudade, Beatriz, aspira pelo corpo do seu marido, nem vivo nem morto o encontrará; nem na terra nem no mar. Uma estátua de sal se abrirá no centro dessa dor.
E o centro da chama é frio...
ResponderEliminarAnita,
ResponderEliminarPodes clarificar o teu comentário?
Um abraço
"no centro dessa dor"
ResponderEliminarque no centro dessa dor... não há dor...
Abraço.
tal como no centro de um tornado há vácuo.
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