segunda-feira, 20 de outubro de 2008

e mais isto

É toda a falta de um Deus verdadeiro que é o cadáver vácuo do céu alto e da alma fechada. Cárcere infinito - porque és infinito, não se pode fugir de ti!

Bernardo Soares

7 comentários:

  1. Mas pode-se deixar de querer fugir e deixa de haver falta, cadáver, fechamento e cárcere...

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  2. Sim, mas da angústia ontológica não consegui fugir ainda, ou não consegui deixar de querer fugir. Por vezes parece-me que se trata só de uma decisão bastante simples e voluntária: o redor há-de ofuscar-se e dar lugar à ausência de redor. A partir daí talvez seja possível dançar no Caos. Ou melhor, no Chaos. Mas percorrer o caminho até lá há-de ser já participar um pouco desse estado, é o que desejo. Percorrer o caminho e deixar-me percorrer por ele.

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  3. Será assim porque já o é. Tu és Isso. Tudo é Isso.

    Um Caos dançante.

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  4. Tu és isso.
    O salto para fora e para dentro de mim, em simultâneo, o salto para fora e dentro de Deus, que não é salto algum?

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  5. Agradeço as suas palavras, fizeram-me reflectir e repensar melhor.
    Quando falei acima de decisão simples e voluntária creio que é apenas simples, mas não decisão nem voluntária. É apenas um libertar-me de tudo aquilo de que não necessito de me libertar pois, sou já, livre. É um simples olhar em redor e para dentro e para Tudo e para Nada e para Todos e para Ninguém e descobrir que tudo isso já está em Todos e em mim e em Tudo e em Nada. É mais simples até, é um recostarmo-nos numa cadeira e fechar os olhos, tendo consciência desse Tudo e Nada mas sem que esse Tudo que é Nada seja nada mais do que pura união e desunião, dança e recolhimento, êxtase e calma, êxtase da calma, verdade, sabedoria, a Vida na sua profundidade: Deus, o encoberto sem véu.

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