Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
sábado, 25 de outubro de 2008
Cinco Princípios
I Alma
Um vento transparente e invisível
leva o corpo do berço para a tumba
enquanto a vida pesa como chumbo
a alma é uma pluma leve e indivisível
centro e margem de um continente
feito de sangue, carne e saudade
não ela mas o corpo é o penitente
das coisas e da última verdade
da primeira também e do caminho
que nada tem a ver com ela
dizem que ela é um hálito divino
mas ao mesmo tempo ela é a vela
que leva o barco até à sua ilha
nas ondas dolorosas e doces do destino
II Saudade
Onda dolorosa e doce do mar salgado
vã palavra ou indizível vibração
cinde e une as lembranças em vão
e do profano parte para o sagrado
como o marinheiro à ilha afortunada
e a criança santa para a cruz
a saudade é a noite cheia de luz
uma estrela moribunda ardendo no nada
que é tudo quando o desejo venha
como um sonho sonhando que nunca tenha
saída sem regresso e entrada sem saída
olhando na paisagem do píncaro da vida
o futuro que uma lágrima desenha
na linha limiar da infinita despedida
III Horizonte
Linha infinita e limiar da mente
última região da realidade
até lá tudo é insuficiente
uma cartografia invertida da verdade
o horizonte é uma lâmina afiada
que finge abismos escuros e paraísos
e quem escuta os seus avisos
naufraga na água e depois no nada
no primeiro traço da última cisão
onde os peixes beijam as aves
e onde o céu engole as naves
no ponto onde a terra não tem chão
colorida da cor crepuscular das nuvens
tudo é possível na sua extensão
IV Liberdade
Tudo seja possível, exige a boca
para devorar inteiro o que existe
e que a fome humana pede de troca
da vida finita, dolorosa e triste
mas a liberdade não vem da falta
e nem da vontade sangrenta
talvez da saudade, que é mais alta
e na sua altura solitária inventa
uma companheira que nunca jura
nada para ninguém, somente a esperança
e uma sentença sem espada nem balança
a liberdade parece uma dança
da razão amarga com a loucura
alguém que perde e alguém procura
V Culpa
O homem que procura é este alguém
é uma sombra do deus ignoto
andando atrás do que nunca vem
carregando nas costas a história e o mito
e nos seus olhos o dom de ver o outro
a chaga purulenta do seu vizinho
e encontra na carne alheia um voto
um cálice dourado cheio de vinho
a culpa é mais profunda do que o pecado
que nem existe na verdade
o pecado é um produto da sociedade
mas a culpa do homem é um eterno fado
casada com a alma num círculo calado
com a saudade, o horizonte e a liberdade.
Vou para a Suíça.
ResponderEliminarMais propriamente para Basiléia! ...
... ... ... ... ... ...
G'anda maluca! isso é que foi brincar...
ResponderEliminarNão vai para a Suíça e nem para Basiléia: Não vale a pena!
ResponderEliminarBoa Viagem, ó Confusa (...) Recuperada! Gostei dos teus três minutos de boa disposição! Mas olha que a viagem continua... não fiques em Basiléia!... deves continuar... além, mais além...
ResponderEliminarE porquê Basiléia, podes explicar?
Explico porque complico.
ResponderEliminarNão, não explico! Saboreio com mel e nozes, perfumado com pó de alecrim. Delicioso!
ResponderEliminartambém comi queijo ao almoço com nozes. muito bom
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