quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Viver (apenas) na mente... é o mais de-primente

O maior saber que alguma vez poderei alcançar é o próprio viver:

saber viver é não saber.

12 comentários:

  1. "Cansaço

    Por trás do espelho quem está
    De olhos fixados nos meus?
    Alguém que passou por cá
    E seguiu ao deus-dará
    Deixando os olhos nos meus.
    Quem dorme na minha cama,
    E tenta sonhar meus sonhos?
    Alguém morreu nesta cama,
    E lá de longe me chama
    Misturada nos meus sonhos.
    Tudo o que faço ou não faço,
    Outros fizeram assim
    Daí este meu cansaço
    De sentir que quanto faço
    Não é feito só por mim."
    Amália Rodrigues
    Composição: Joaquim Campos / Luís Macedo

    http://br.youtube.com/watch?v=sWBW_cqxngQ

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  2. Já a mesma promessa canta em nós há muito...

    "Que amor não me engana
    Com a sua brandura
    Se de antiga chama
    Mal vive a amargura

    Duma mancha negra
    Duma pedra fria
    Que amor não se entrega
    Na noite vazia

    E as vozes em barcam
    Num silêncio aflito
    Quanto mais se a partam
    Mais se ouve o seu grito

    Muito à flor das águas
    Noite marinheira
    Vem devagarinho
    Para a minha beira

    Em novas coutadas
    Junto de uma hera
    Nascem flores vermelhas
    Pela Primavera

    Assim tu souberas
    Irmã cotovia
    Dizer-me se esperas
    O nascer do dia"
    José Afonso

    http://br.youtube.com/watch?v=4h9Ax1Z_s6A

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  3. ... e a que não podia faltar!

    "Quando a corja topa da janela
    O que faz falta
    Quando o pó que comes sabe a merda
    O que faz falta
    O que faz falta é avisar a malta

    Quando nunca a noite foi dormida
    O que faz falta
    Quando a raiva nunca foi vencida
    O que faz falta
    O que faz falta é animar a malta
    O que faz falta
    O que faz falta é acordar a malta
    O que faz falta

    Quando nunca a infância teve infância
    O que faz falta
    Quando sabes que vai haver dança
    O que faz falta
    O que faz falta é animar a malta
    O que faz falta
    O que faz falta é empurrar a malta
    O que faz falta

    Quando um cão te morde a canela
    O que faz falta
    Quando a esquina há sempre uma cabeça...

    Quando um homem dorme na valeta
    O que faz falta
    Quando dizem que isto é tudo treta
    O que faz falta
    O que faz falta é agitar a malta
    O que faz falta
    O que faz falta é libertar a malta
    O que faz falta

    Se o patrão não vai com duas loas
    O que faz falta
    Se o fascista conspira na sombra
    O que faz falta
    O que faz falta é avisar a malta
    O que faz falta
    O que faz falta dar poder a malta
    O que faz falta"
    José Afonso

    http://br.youtube.com/watch?v=uVTqO9xEYNs

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  4. Há várias funções na mente... A mente também é vida e, nas suas profundezas, da mais subtil, aquela que não nasce nem morre. É bom não se cair em repetidas generalizações, que são sempre simplistas...
    O mesmo se pode dizer do saber. Há saber e saber. Como a etimologia mostra, saber tem a ver com saborear... A sabedoria de vida, por exemplo, não se confunde com o saber científico, que conhece objectivando.

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  5. Certo... o que acontece é que se inverteu o que é predominante... não-saber é principal.
    Mas aproveito para clarificar o título.

    Abraço Paulo!

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  6. Cara Anita, há uma nobre tradição na teologia e filosofia ocidentais que é a da "douta ignorância", a qual é todavia uma forma de saber, seja um saber na ausência de conhecimento conceptual, seja um saber que não se sabe. Significa isto que há uma ignorância apenas ignorante e, ao falar de não-saber, convém dizer em que sentido o fazemos.
    Por outro lado, ao fazer-se a apologia do mero viver, sem mais explicações, pode também parecer que se exorta a essa ignorância ignorante que é própria da irreflexão dos instintos vitais, da luta pela sobrevivência, etc. Como se vê, a mente é bastante necessária, que mais não seja para fazer estas distinções.
    Creio por outro lado que a Vida, a vida imortal, a vida verdadeira que há em nós e em tudo, se experimenta e sabe, transcendendo as oposições da função conceptual da mente, que separa saber e viver.

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  7. Exacto Paulo, é isso, não há que distinguir o que é no fundo o mesmo:
    saber e não-saber.

    Viver é não-saber, incluindo este o saber.

    A ignorância ignorante, parece-me, que é o que o Homem apelida de ciência, é o saber que o Homem leva como se fora algo real, igual à vida - apenas física... ao pretender aplicá-lo a ela.

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  8. Para mim, a verdadeira reflexão é reflectir-se o que a vida é para nós, e o espelho não reflecte pensando a imagem que mostra...

    Quando escrevo apenas deixo que aconteça a escrita. Apenas leves pinceladas de acerto o meu consciente dá. Sendo que houve uma aprendizagem que me possibilitou entender melhor o que a vida me é: atentar à continuidade que existe em tudo... à esfera que em todo o fenómeno roda...

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  9. "ao fazer-se a apologia do mero viver, sem mais explicações, pode também parecer que se exorta a..."

    O intuito é exortar ao, já referido antes, saber de cor. O que nasce já com cada um. Esse saber original, principal.

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  10. Estou a adorar. Anita para presidente da CPLP!

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  11. Anónimo,

    cada um para Presidente de si mesmo! Isso é que é...

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  12. (a tal aprendizagem que referi foi o Princípio Único do Tao, mas suponho que já vinha com ele, esta sociedade é que nos decepa uma metade de nós)

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