Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Viver (apenas) na mente... é o mais de-primente
O maior saber que alguma vez poderei alcançar é o próprio viver:
Por trás do espelho quem está De olhos fixados nos meus? Alguém que passou por cá E seguiu ao deus-dará Deixando os olhos nos meus. Quem dorme na minha cama, E tenta sonhar meus sonhos? Alguém morreu nesta cama, E lá de longe me chama Misturada nos meus sonhos. Tudo o que faço ou não faço, Outros fizeram assim Daí este meu cansaço De sentir que quanto faço Não é feito só por mim." Amália Rodrigues Composição: Joaquim Campos / Luís Macedo
"Quando a corja topa da janela O que faz falta Quando o pó que comes sabe a merda O que faz falta O que faz falta é avisar a malta
Quando nunca a noite foi dormida O que faz falta Quando a raiva nunca foi vencida O que faz falta O que faz falta é animar a malta O que faz falta O que faz falta é acordar a malta O que faz falta
Quando nunca a infância teve infância O que faz falta Quando sabes que vai haver dança O que faz falta O que faz falta é animar a malta O que faz falta O que faz falta é empurrar a malta O que faz falta
Quando um cão te morde a canela O que faz falta Quando a esquina há sempre uma cabeça...
Quando um homem dorme na valeta O que faz falta Quando dizem que isto é tudo treta O que faz falta O que faz falta é agitar a malta O que faz falta O que faz falta é libertar a malta O que faz falta
Se o patrão não vai com duas loas O que faz falta Se o fascista conspira na sombra O que faz falta O que faz falta é avisar a malta O que faz falta O que faz falta dar poder a malta O que faz falta" José Afonso
Há várias funções na mente... A mente também é vida e, nas suas profundezas, da mais subtil, aquela que não nasce nem morre. É bom não se cair em repetidas generalizações, que são sempre simplistas... O mesmo se pode dizer do saber. Há saber e saber. Como a etimologia mostra, saber tem a ver com saborear... A sabedoria de vida, por exemplo, não se confunde com o saber científico, que conhece objectivando.
Cara Anita, há uma nobre tradição na teologia e filosofia ocidentais que é a da "douta ignorância", a qual é todavia uma forma de saber, seja um saber na ausência de conhecimento conceptual, seja um saber que não se sabe. Significa isto que há uma ignorância apenas ignorante e, ao falar de não-saber, convém dizer em que sentido o fazemos. Por outro lado, ao fazer-se a apologia do mero viver, sem mais explicações, pode também parecer que se exorta a essa ignorância ignorante que é própria da irreflexão dos instintos vitais, da luta pela sobrevivência, etc. Como se vê, a mente é bastante necessária, que mais não seja para fazer estas distinções. Creio por outro lado que a Vida, a vida imortal, a vida verdadeira que há em nós e em tudo, se experimenta e sabe, transcendendo as oposições da função conceptual da mente, que separa saber e viver.
Exacto Paulo, é isso, não há que distinguir o que é no fundo o mesmo: saber e não-saber.
Viver é não-saber, incluindo este o saber.
A ignorância ignorante, parece-me, que é o que o Homem apelida de ciência, é o saber que o Homem leva como se fora algo real, igual à vida - apenas física... ao pretender aplicá-lo a ela.
Para mim, a verdadeira reflexão é reflectir-se o que a vida é para nós, e o espelho não reflecte pensando a imagem que mostra...
Quando escrevo apenas deixo que aconteça a escrita. Apenas leves pinceladas de acerto o meu consciente dá. Sendo que houve uma aprendizagem que me possibilitou entender melhor o que a vida me é: atentar à continuidade que existe em tudo... à esfera que em todo o fenómeno roda...
"Cansaço
ResponderEliminarPor trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao deus-dará
Deixando os olhos nos meus.
Quem dorme na minha cama,
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama,
E lá de longe me chama
Misturada nos meus sonhos.
Tudo o que faço ou não faço,
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim."
Amália Rodrigues
Composição: Joaquim Campos / Luís Macedo
http://br.youtube.com/watch?v=sWBW_cqxngQ
Já a mesma promessa canta em nós há muito...
ResponderEliminar"Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se de antiga chama
Mal vive a amargura
Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia
E as vozes em barcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se a partam
Mais se ouve o seu grito
Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira
Em novas coutadas
Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela Primavera
Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
O nascer do dia"
José Afonso
http://br.youtube.com/watch?v=4h9Ax1Z_s6A
... e a que não podia faltar!
ResponderEliminar"Quando a corja topa da janela
O que faz falta
Quando o pó que comes sabe a merda
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
Quando nunca a noite foi dormida
O que faz falta
Quando a raiva nunca foi vencida
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é acordar a malta
O que faz falta
Quando nunca a infância teve infância
O que faz falta
Quando sabes que vai haver dança
O que faz falta
O que faz falta é animar a malta
O que faz falta
O que faz falta é empurrar a malta
O que faz falta
Quando um cão te morde a canela
O que faz falta
Quando a esquina há sempre uma cabeça...
Quando um homem dorme na valeta
O que faz falta
Quando dizem que isto é tudo treta
O que faz falta
O que faz falta é agitar a malta
O que faz falta
O que faz falta é libertar a malta
O que faz falta
Se o patrão não vai com duas loas
O que faz falta
Se o fascista conspira na sombra
O que faz falta
O que faz falta é avisar a malta
O que faz falta
O que faz falta dar poder a malta
O que faz falta"
José Afonso
http://br.youtube.com/watch?v=uVTqO9xEYNs
Há várias funções na mente... A mente também é vida e, nas suas profundezas, da mais subtil, aquela que não nasce nem morre. É bom não se cair em repetidas generalizações, que são sempre simplistas...
ResponderEliminarO mesmo se pode dizer do saber. Há saber e saber. Como a etimologia mostra, saber tem a ver com saborear... A sabedoria de vida, por exemplo, não se confunde com o saber científico, que conhece objectivando.
Certo... o que acontece é que se inverteu o que é predominante... não-saber é principal.
ResponderEliminarMas aproveito para clarificar o título.
Abraço Paulo!
Cara Anita, há uma nobre tradição na teologia e filosofia ocidentais que é a da "douta ignorância", a qual é todavia uma forma de saber, seja um saber na ausência de conhecimento conceptual, seja um saber que não se sabe. Significa isto que há uma ignorância apenas ignorante e, ao falar de não-saber, convém dizer em que sentido o fazemos.
ResponderEliminarPor outro lado, ao fazer-se a apologia do mero viver, sem mais explicações, pode também parecer que se exorta a essa ignorância ignorante que é própria da irreflexão dos instintos vitais, da luta pela sobrevivência, etc. Como se vê, a mente é bastante necessária, que mais não seja para fazer estas distinções.
Creio por outro lado que a Vida, a vida imortal, a vida verdadeira que há em nós e em tudo, se experimenta e sabe, transcendendo as oposições da função conceptual da mente, que separa saber e viver.
Exacto Paulo, é isso, não há que distinguir o que é no fundo o mesmo:
ResponderEliminarsaber e não-saber.
Viver é não-saber, incluindo este o saber.
A ignorância ignorante, parece-me, que é o que o Homem apelida de ciência, é o saber que o Homem leva como se fora algo real, igual à vida - apenas física... ao pretender aplicá-lo a ela.
Para mim, a verdadeira reflexão é reflectir-se o que a vida é para nós, e o espelho não reflecte pensando a imagem que mostra...
ResponderEliminarQuando escrevo apenas deixo que aconteça a escrita. Apenas leves pinceladas de acerto o meu consciente dá. Sendo que houve uma aprendizagem que me possibilitou entender melhor o que a vida me é: atentar à continuidade que existe em tudo... à esfera que em todo o fenómeno roda...
"ao fazer-se a apologia do mero viver, sem mais explicações, pode também parecer que se exorta a..."
ResponderEliminarO intuito é exortar ao, já referido antes, saber de cor. O que nasce já com cada um. Esse saber original, principal.
Estou a adorar. Anita para presidente da CPLP!
ResponderEliminarAnónimo,
ResponderEliminarcada um para Presidente de si mesmo! Isso é que é...
(a tal aprendizagem que referi foi o Princípio Único do Tao, mas suponho que já vinha com ele, esta sociedade é que nos decepa uma metade de nós)
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