segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Para um bom entendedor... instantâneo


Fotografia, Vergílio Torres
E imprevistamente reparo que há luz no ar. Não vem do Sol para um sítio determinado, que é a Terra. Espalha-se por todo o lado, não vem de parte alguma, se o Sol desaparecesse, continuaria a iluminar. Porque é uma luz de si própria, da essência de si, que é ser luz sem mais na sua iluminação. E estou contente. E sou também da essência da alegria, que é ser feliz para antes de se saber que a felicidade e tem um nome.
Vergílio Ferreira

6 comentários:

  1. o título remeteu-me a...
    (lá pelo meio entendê-lo-ás)

    "Espalhem a notícia
    do mistério da delícia
    desse ventre
    Espalhem a notícia
    do que é quente e se parece
    com o que é firme e com o que é vago
    esse ventre que eu afago
    que eu bebia de um só trago
    se pudesse

    Divulguem o encanto
    o ventre de que canto
    que hoje toco
    a pele onde à tardinha desemboco
    tão cansado
    esse ventre vagabundo
    que foi rente e foi fecundo
    que eu bebia até ao fundo
    saciado

    Eu fui ao fim do mundo
    eu vou ao fundo de mim
    vou ao fundo do mar
    vou ao fundo do mar
    no corpo de uma mulher

    A terra tremeu ontem
    não mais do que anteontem
    pressenti-o
    O ventre de que falo como um rio
    transbordou
    e o tremor que anunciava
    era fogo e era lava
    era a terra que abalava
    no que sou

    Depois de entre os escombros
    ergueram-se dois ombros
    num murmúrio
    e o sol, como é costume, foi um augúrio
    de bonança
    sãos e salvos, felizmente
    e como o riso vem ao ventre
    assim veio de repente
    uma criança

    Falei-vos desse ventre
    quem quiser que acrescente
    da sua lavra
    que a bom entendedor meia palavra
    basta, é só
    adivinhar o que há mais
    os segredos dos locais
    que no fundo são iguais
    em todos nós

    Eu fui ao fim do mundo
    eu vou ao fundo do mim
    vou ao fundo do mar
    vou ao fundo do mar
    no corpo de uma mulher
    vou ao fundo do mar
    no corpo de uma mulher"
    Sérgio Godinho

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  2. Lá nesse meio rodeado de nada,
    espaço amplamente vazio,
    recheado de coisa alguma,
    entre um pricípio e um fim,
    entre uma sombra e luz,
    ouviu-se um trovão.
    Sinal tardio
    clarim iluminado,
    instante remoto,
    mais que passado.

    Lá pelo meio entendê-lo-ei.
    Até lá, tripé e máquina às costas.
    Dura profissão esta a minha de Carpinteiro!

    Para a próxima, levo esta música comigo... e que me sirva de amuleto, que isto de andar à caça do clarim-bala-luz tem que se lhe diga...

    Para uma boa entendedora, um obrigado basta...

    E agora... venham anónimos ao comentário!

    Abreijos!

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  3. Isso... ser feliz para antes de se saber...

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  4. Vergílio Ferreira e Sérgio Godinho juntos!

    Como os adoro! Aos dois!

    Beijos à Anita (esta é das minhas músicas favoritas do Sérgio. Sempre a surpreender-me com as músicas, Anita!!!) e ao outro Vergílio
    :)

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  5. Vergílio, gosto muito do texto, como de muito do que escreve o Vergílio Ferreira, mas gosto bem mais da foto, porque revela a sombra que é inseparável de toda a luz.

    Grato

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  6. Entre um princípio e um fim...

    Entre um princípio e um fim...
    …a incerteza!

    Efémeras luzes,
    efémeras afeições…
    Ecoem trovões
    tardios, que os desejo…

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