quinta-feira, 14 de agosto de 2008

cenário I

Após o canto luzidio das escravas,

Nuvens que exilam balas

De sol, azul de chumbo e transparências

No pano prenhe que cicia do

Cordame altíssimo da chuva.

Pequenos barcos de fumo,

Assim genuínos, do chão

Vão recolher a tradição

Trovejante na poeira

Do arco tenso em grandiosa voz

Que abriu as cordas insuspeitas.

O sol retoca-nos depois o rosto

Molhado num chão de lama seca e

Arrasta os nossos olhos para o mar

Com doçura. Uma noite amadurece

e a brisa puxa do rasgado bolso

Uma cobra infinita,

Mãe de si própria, o país duplo da verdade.

2 comentários:

  1. um bom abraço

    gosto em voltar a ler-te

    Para que equinócio
    um novo voo
    à Barragem do Divor?

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  2. Não se chama "Menina do Mar" mas bem que podia... ;)

    "Meu amor é marinheiro
    E mora no alto mar
    Seus braços são como o vento
    Ninguém os pode amarrar
    Quando chega à minha beira
    Todo o meu sangue é um rio
    Onde o meu amor aborda
    Seu coração, um navio

    Meu amor
    Disse que eu tinha
    Na boca um gosto, a saudade
    E os cabelos onde nascem
    Os ventos e a liberdade

    Meu amor é marinheiro
    Quando chega à minha beira
    Acende um cravo na boca
    E canta dessa maneira

    Eu vivo lá longe, longe...
    Onde dormem os navios
    Mas um dia hei de voltar
    Nas águas de nossos rios
    Hei de passar nas cidades
    Como o vento nas areias
    E abrir todas as janelas
    E abrir todas as cadeias

    Meu amor é marinheiro
    E mora no alto mar
    Coração que nasceu livre
    Não se pode acorrentar"
    Manuel Alegre

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