terça-feira, 19 de agosto de 2008

Anjos e Rosas

Para o Paulo Feitais que tem com este e outros anjos uma (re) ligação especial.
Para o Platero que tão bem sabe cuidar do seu jardim.

Anda um anjo no meu sonho de mim, em puro cobre
Ensina-me a dormir e a conhecer os caminhos do vento
Tem as asas forradas de ouro velho e chora, o pobre!
Por ter comigo um pacto que dura mais que o tempo.

O Amor que me tem não tem ouvido o sino e a voz
Anda calado o anjo de cobre e rendas de bordar
Em cima da toalha a rosa secou no deserto a sós
A perseguir, mudo, a flor que mesmo seca há-de brotar

Que areias do deserto, ilhas do sul e cumes de montanha
Não sobrevoamos nós, tristes aves em voos de saudade!
Cinzas que a tarde colhe, pó, jornais, pedaços de lenha

Para o fogo que um dia havemos de habitar. Enfim, nós dois,
O anjo e eu, assim desentendidos trocamos receitas e olhares
Para que a névoa teça em fios finos a luz dos seus colares.

4 comentários:

  1. Lindo, Saudades do Futuro!

    Gostei muito.

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  2. Oh Saudades!

    Fico com os olhos a brilhar, com estrelinhas*
    Esse teu anjo és mesmo tu!

    Acredito que os anjos existem em nossas vidas, sim.

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  3. o meu jardim, nem tão bonito nem cuidado quanto eu possa fazer imaginar, é, antes do mais, efémero.

    o teu, desde que o conheço é cada vez mais pujante e sugestivo.E mais resistente a picos de calor e ameaças metafóricas de outonos

    beijo

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  4. Saudades! Há primaveras que nos esmagam.
    Que belo o teu poema e o anjo que nele se mostra.
    E que bem que o anjo se sentirá no jardim do Platero!
    :)

    A poesia, sempre a poesia e nada mais que a poesia (que para mim é Tudo, o Tudo, e tudo o mais).
    :)

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