O mar que gera as ondas é o mesmo mar do amor que gera o Homem. Cada onda forma-se porque se deixou formar.
Do mar se forma a onda, da mãe se forma o filho, do corpo se forma a mente, de que serve querer o Homem controlar o próprio corpo que o forma? De que vale a onda querer controlar o mar? O Homem que se pensa como onda perde-se do mar que é, reduzindo-se a uma ideia sem corpo, a uma onda sem mar.
O Homem esquece-se que não é só quando nasce que é formado pelo corpo da mãe, que continua vivo por estar sempre a ser formado pelo mar do seu corpo.
Agora percebo o meu desprezo quanto à actividade humana, não são mais do que ondas do mar, que ainda por cima se enganam a si mesmas como sendo algo mais do que o magno mar que as originou. O se-r-eno mar é o meu ser real, o horizonte que o une ao céu o meu único destino, ali onde o sol nasce rei, a ilha do sul onde veramente a cruz da vida floresce.
Esta referência à mãe levo-a e vou largá-la de novo no mar. E viver é surfar, sim, e triste é quando nos esquecemos disso. :)
ResponderEliminarEsquecemo-nos disso quando nos pomos a lembrar, a pensar... pois que esquecer é lembrar do que somos. :)
ResponderEliminarpois que amar é esque-cer...
ResponderEliminar... lembrando. E como lembrando...
ResponderEliminarPor isso, quando pedimos a alguém que amamos que não nos esqueça, é um pedido incompatível, porque só esquecendo se pode amar verdadeiramente. :P
ResponderEliminarÉ isso mesmo.
ResponderEliminarNeste momento da minha vida isso ressoa duma forma muito percuciente por mim dentro. Lembro-me do filme "Iris" que passo muitas vezes aos meus alunos. O amor e o esquecimento, contra o esquecimento, até se amar o próprio esquecimento. E procurar aí um sinal, um indício da pessoa que foi um mergulho, um buraco negro de memórias em desagregação. E nesse colapso, um sorriso, um olhar, um gemido, podem resgatar uma vida inteira e dar sentido às vidas que ficam. "Ficam", como quem diz... Gostei deste teu texto. Sabe-me às férias que antecipo, esperando deixar por lá toda a pele e tudo o mais que me pesa. :)
... visto que lembrar com a mente não é o mesmo que lembrar amando com o corpo da alma, a onda lembra o mar... mas só sendo o mar existe.
ResponderEliminarEh, eh...
ResponderEliminarEstou atento.
Isto vai prometer. Temos aqui uma escritora mercuriana. :)
eheh O Brasil abrasou-me... só fiquei a saber atear fogo :P
ResponderEliminarE não há melhor "fogo" do que aquele que o próprio fogo gera... a água. :)
ResponderEliminaraliás... ela sim é a mãe do fogo.
ResponderEliminarDependendo... o fogo gera a água no acto sexual, a água gera o fogo no nascimento.
ResponderEliminarcontinuam separados ainda no acto de criação... como o tempo e a eternidade.
ResponderEliminarEna!
ResponderEliminarComo Sereia* não posso deixar de comentar este post.
Onda e mar, mente e corpo.
São tudo o que sinto. São tudo o que sou.
Só falta a palavra vibração.
Que eu acho que a vibração do mar é diferente da da terra. Não é maior nem menor, não é mais nem menos, mas acho diferente.
Talvez por ser Sereia* e ter a mania de viver metade na Água, metada na Terra.
Será?
:)
A vibração do mar é a da terra antes de nascer... no fundo, só há a do mar... é essa que persiste... é essa que conduz a da terra para o que ela é.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarou melhor, a vibração do mar é a da terra antes de ser concebida, e será igualmente quando ela nascer verdadeiramente.
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