sábado, 26 de julho de 2008

O que sou é a mãe, o que sei é meu filho

O Homem só existe, verdadeiramente, por se saber Homem, porém, quando chega a adulto, tende a inverter-se. Em vez de ser o que se sabe Homem, passa a ser o saber que tem de si, esquece-se que é o ser que é o saber, não é o saber que é o ser. O saber toma o lugar do ser, o filho toma o lugar da Mãe.

Eu sou o que sei, mas o que sei, por si, não me é. Ser é a Mãe, que está sempre presente, saber é o filho, que nasce constantemente, e que logo deixa de ser a Mãe assim que o faz. O ser humano apega-se ao filho como se ele continuasse a ser a Mãe, mas ele separa-se dela logo que aparece. A separação entre eles não indica que o filho não fosse verdadeiro, é apenas uma inevitabilidade, tendo em conta a natureza da sua relação.

O cérebro representa o ser embrião do nosso ser, dele nascem os nossos filhos-conhecimentos, somo-los todos, mas como todos eles estão condicionados ao tempo, nenhum deles preenche o nosso ser inteiro, eterno. O filho que nos poderá preencher todo o ser, terá de nascer da síntese de todos eles, de unir tudo, de nascer do sentimento de fusão do amor infinito, do saber que se sabe sem ser preciso saber, porque deixou de ser apenas um saber temporário do ser, tornou-se no próprio ser, na Mãe. O verdadeiro saber que a Mãe-Ser pode ter de si é dado pelo filho de Corpo Real, nascido do seu Cérebro Real: o Útero.

- Mas como? Como sabes?
- Não sei... mas também não nasci por saber-me. Sou, eu própria, o que digo, o que nasce de minha boca, pelo que também não posso sabê-lo.

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