quinta-feira, 10 de julho de 2008

Das Saudades que Havia

Uma ânsia de mim candente me não livre
Do outrora que a cada instante ganha o tempo
Um porão cheio de nada a tudo sobrevive
Mesmo às chamas com que arde o mesmo vento.

Não sei por que razão, ou sem razão alguma, me vem a chama
Arder em brasa à beira de um céu vago e vazio
A hora hesita, gira em espiral a luz branca e insana
Cai do tinteiro de ontem, em lágrima, a sombra dum navio.

Quem vem lá? Que estranha e negra a noite se vislumbra
Da névoa que durou por sobre a amurada?
Não é a flor do vento, nem lua, nem penumbra
É uma sombra mansa, um feitiço de lua, uma clareira amada.

É a alma do mundo a chamar em surdina o pensamento
De uma onda maior que ainda não chegou e tarda
A luz em que saudosa vagueia a sombra do momento
Que quando a vejo, já de mim saudosa, sinto a saudade apartada.

9 comentários:

  1. Um abraço cheia de saudade de todos vocês, desejosa de votlar a ter internet em casa para poder voltar a participar em pleno neste blogue e no da Nova Águia.

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  2. Belo poema ! Se for inédito, seria possível publicá-lo no nº2 da Nova Águia ?

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  3. Que é a saudade senão a alma do mundo ? Reduzimo-la pensando-a apenas à escala humana. Porventura habita e rompe mesmo as entranhas do absoluto, como aquela Sehnsucht de que fala Schelling...

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  4. sabes o que eu costumo dizer às pessoas da tua poesia.

    eis prova.

    beijo

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  5. Paulo,

    O poema é "fresquinho", é de ontem, no mesmo momento enviado para o ventre da serpente.
    São vocês que me inspiram e fico contente que tenham gostado.
    Claro que o poema é vosso e se nele acharem algum mérito, pode ser publicado. Há a questão do autor... Pode ficar com o nome com que aqui me assino?

    Um abraço

    Ana,
    Já sentimos falta dos teus textos, princesa, tantas saudades...

    Anita,

    Não é muito grande... alguns versos é que têm muitas sílabas...

    Platero,

    Tu bem sabes a importância que dou às críticas... Importante é a tua amizade.

    Outro beijo

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  6. não será a saudade que nos faz eterna e constantemente continuar a procurar? belo poema!

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  7. Na mais profunda reverência, aqui vos deixo uma rosa de alva lua cheia.
    Enches os corações esfomeados de harmonia!

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  8. Saudade...
    Agora entendo que sou "coração esfomeado".
    Mas porquê?...

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