Hoje lembrei que não nasceste. Não morreste. Trouxeste flores para a tarde do teu regresso. Nunca saíste daqui. Mesmo que me desmintam direi que nunca aqui estiveste.
Mesmo assim, ofereceste à nossa iludida voz, a tinta com que pintaste a tua passagem na barca. Dissolveste em tinta azul a pétala da rosa e foste com ela florir o outro lado do rio.
Estas flores são para quem nunca existiu. Que a vossa barca chegue dissolvente em tinta azul e flores de Chagal ao porto da saudade que não há.
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ResponderEliminarTenho dificuldade, por vezes, em entender-me nessas palavras do "não haver"... talvez porque a minha mente prefira enganar-se sabendo-o, prefira sonhar.
ResponderEliminar(prefira ser Deus.)
ResponderEliminarAnita, se pode ter preferências, tenha-as. Bem basta que as não tenhamos quando não as pudermos ter. Até lá... sonhe-se Deus e espere, para ver o que acontece.
ResponderEliminarPara ver as coisas tal como Deus as vê, ou mesmo como os poetas as vêem, não basta preferir enganar-se e sonhá-las. Aí não haveria engano. A sua subjectividade e dualidade não a poderia levar a vê-las na sua verdadeira natureza.
ResponderEliminarPara transmutar o humano em divino e o divino em humano, a matéria em espírito... é preciso conhecermos o que em nós quer. Essa é a lei da liberdade e não a do livre-arbítrio. Muitos optaram por considerar que nada sabem dos desígnios de deus e de si mesmos. Ver não é criar. Sentir é reconecer as coisas enquanto fenómenos, aquilo que se dá à consciência. As suas propriedades caracterizam-se num tempo e num espaço. Deus é phainomenum?
PS. Já pareço um filósofo que não conhece bem os conceitos, a falar.
Peça ajude a quem sabe.
Mas quer-me parecer que a Anita não é Deus.
Um abraço.
Posso não ser Deus, mas posso ser-Me Deus...
ResponderEliminar(não me pensando, nem como tal, nem como qual...) ;)
ResponderEliminarAi Saudades,
ResponderEliminarAbri agora as janelas da sala e o vento entrou a rodopiar com as folhas dos escritos sobre os livros e dos vasos da varanda, e as flores de Chagal deixaram de ser na árvore e o tronco de ser mão que as agarra. Ando a apanhar as rosas e o algodão, para devolvê-las ao quadro e o sol à lua. Mas que lua aquela. E que amada a mulher que perfuma Chagal.
Amo este quadro e todas as suas rosas.
ResponderEliminarLuiza,
ResponderEliminarO ramo de puras rosas, rosa são o instante perfeito para a neve que refresca as folhas ou o algodão que cai do céu...o azul e a barca são estampas chinesas ou travessias sob a lua crescente.
O conjunto é uma dádiva da iconografia russa para o sol do dia em que uma rosa mais fresca nasceu.
Tamborim,
Chagal é de uma sensibilidade que dói.
Anita,
Não se pensando nem Deus nem não Deus, verá a rosa da Chagal para quando tiver saudades.
Saudades
julgo que eramos mais próximos
ResponderEliminarno ano em que morreram os 3 PABLOS:
Casales?
Neruda?
Picasso?
há quantos anos?
há quantas gerações?
É preciso dizer, Platero, mais próximos de quê? Da inocência? da verdade? da consciência? da criação? da ilusão? da Saudade? de quando éramos mainheiros?
ResponderEliminarQuantas gerações levantámos ao colo?
O que resta de nós de que valha a pena ter saudades?
Não vale debruçarmo-nos sobre varandas que não dão para lugar nenhum. A memória é um rio que muda e nós com ele... Mesmo quando não houver Pablos para recordar ainda vale a pena navegar o rio.
E se esquecermos que há rio e mudança, ainda assim nos debruçamos sobre os versos que devolvem à inexistência que nos somos, o som de uma cigarra no verão, ou uma rosa queimada pelo sol no jardim que plantámos.