segunda-feira, 16 de junho de 2008

Terra Vermelha

Quem não ama
não ousa.

Quem não ousa
não ama.

Só o sol e o firmamento
me calam
e o mar será
minha cama.

O meu peito desfeito em retalhos
pelas lâminas que agregam as névoas do exílio
tem pedaços enterrados
em terra vermelha de ocasos,
e laços desatados
adejando ao vento em cidades brancas
suspensas sobre rios.

Teço em meus dedos o dia
em que o vermelho e o branco se fundam
nas espirais da Rosa
e o sol se erga de vez
das entranhas da terra.

Quem não ousa
não ama.

Quem não ama
não ousa.

Que a viagem seja mandato
gravado a ouro
numa lousa.

Que a Voz cale todas as vozes
e o Verbo se liberte por fim da garganta.

E que o cio do Cosmos
se descubra em nossos olhos
quando ouvirmos
o encontro das cores
que Deus quis no Homem
ver nascer.

5 comentários:

  1. quem não ama não ousa
    porque amar
    é ir mar a fora
    com a esperança
    de poder beijar as estrelas
    de abraçar as vagas
    e com elas ser a inquietação da aurora
    e não querer mais que isto
    ;)

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  2. Ana,

    Gostei muito do teu poema.

    Vivam os «sociólogos poetas»

    Uma braço do tamanho do mundo.

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  3. A uma estrela nem o sol e o firmamento ousam tirar a palavra!

    Parabéns, Ana. beijinhos!

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  4. Que sulfurosa paixão, Ana. Como tu ousas!

    Recortei a Terra Vermelha, a Epístola do Sol à Lua Crescente, a Canção do Pelicano e o Toda a Luz Amalgamada ; juntei os poemas no muro, como se juntam azulejos, e debrucei-me como no Oiço, assim de olhos fechados, a vê-los coincidir no barro e no ouro.

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