terça-feira, 17 de junho de 2008

O sentimento religioso sob a minha perspectiva e único a que almejo


Na minha Religião, estou sentado, em pé, como seja, sozinho, no Deserto, livre, pensando em nada, nada pensando, respirando, sentindo, sentindo o fluxo de emoções que me perpassa, a frescura, chorando o meu choro de emoção, uma estranha tristeza que por iluminadas e raras vezes se sente, sinto, sem Deus ou eu ou outro, sem nada porque nada pensado. De olhos abertos ou fechados, ora abertos ora fechados, um puro êxtase, saída de mim e de tudo, criação e destruição do mundo.

Não é Budismo, não é Hinduísmo, não é Judaísmo, tampouco Cristianismo, mas a Religião da Natureza, da Existência, do sentir, do puro sentir liberto, livre, de todos os preconceitos, conceitos, imposições interiores ou exteriores, se não a imposição do instante, réstia de realidade inexpugnável que instantaneamente se constrói e destrói ao sabor da interioridade que se exterioriza, exterioridade que se interioriza.

Onde se encontram? Lugar, princípio e fim desta Religião. Não dentro, não fora, mas algures no sentimento extático, íntima comunhão com e segregação do mundo, esse sou e não sou eu, casa? Não casa nem não casa, busca da liberdade, busca sem busca, encontro e desencontro, não querer nem não querer, ser e não ser, tudo, nada: Incondicionado.

Escrito ao som de "Desert Rose", de Sting com Cheb Mami, e "Seven Seconds", de Youssou N'Dour e Neneh Cherry.

9 comentários:

  1. Óptimo ! Mas como podes pretender que essa experiência não está presente nas grandes (e pequenas) religiões, embora expressa de outro modo ? Porque persistes em falar de uma experiência universal como se fosse a tua experiência e distinta de todas as demais que o património espiritual da humanidade desde há milénios veicula ? Uma religião "tua" poderá ser uma Religião ?

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  2. Provavelmente até está presente nas grandes ou pequenas religiões, que não conheço a fundo, porque nunca fui ao fundo da experiência religiosa enquadrado numa dessas religiões. E, se calhar, até é uma experiência universal, muito provavelmente. Mas não me queria identificar com nenhuma Religião, porque penso que isso seria redutor da minha experiência pessoal, que me fecharia dentro de uma etiqueta, de um credo com regras, algo já estudado. Pela experiência que tenho tido a pensar sobre vários assuntos, acabo, muitas vezes, por descobrir que as intuições originais, que temos primeiro, sobre os mesmos, desligadas do estudo profundo, etc., são as mais - não sei explicar bem - puras, verdadeiras... Hmm...

    Penso que uma religião minha, como uam religião tua, poderá ser uma religião, tal como o Budismo é a religião de Siddharta, o Cristianismo a de Cristo, o Advaita a de Sankara, etc. A religião, toda e qualquer, vem sempre da mente de alguém e, por isso, começa por ser a religião dessa pessoa que, eventualmente, se universaliza, porque, como dizes, essa experiência pessoal é uma experiência universal.

    Já foi dito, algures na Serpente, que o verdadeiro budista não se declara budista. Penso que isso faz sentido, e que se poderia aplicar às outras religiões. Talvez a única coisa que interesse na Religião seja a experiência religiosa, e isso não tem, penso, outro nome ou nome.

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  3. Se vês Buda e Cristo como "alguém" não vês Buda e Cristo... Uma experiência religiosa, ou melhor, uma experiência de Despertar ou de Unção (Cristo, o Ungido), parece ser uma experiência sem sujeito. É sempre de desconfiar, quando se fala muito de si...

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  4. Vejo Buda e Cristo como alguém. Se calhar vejo-os mal. Mas considero-os pessoas. No post, falo de uma experiência sem sujeito. Penso que todos falamos muito de nós, um explicita outros implicitamente. A maioria dos poemas que lês falam da experiência pessoal/mental do sujeito, portanto, falam dele.

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  5. Falar de si é falar de nada.

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  6. Por essa ordem de ideias, a maioria dos poemas fala de nada. O que me atrofia na leitura dos poemas é ter de entrar no mundo mental de quem os escreve.

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  7. Talvez assim saísses do teu...

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  8. Sair do meu para entrar noutro é o mesmo do que estar no meu. Encontrar semelhanças, diferenças, é sempre um mundo mental de uma pessoa. Prefiro sair de qualquer mundo mental, através do desporto (que não tenho praticado) ou de alguma arte (ouvir música, ver cinema...).

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  9. Ó Maltez não sejas chato pá! Liberta-te! Vive! Não foste tu que o disseste?

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