agora eu vou escrever estes versinhos
que um dia alguém rebuscará nos meus papeis
e com este e com outros imprimirá um livrinho
com uma nota prévia, e o venderá por 5 mil réis
e dirá: o poeta isto e o poeta aquilo
- ver o poema tal a páginas não sei quantas
e já eu serei a toca de algum grilo
por baixo de leituga aberta às tardes brancas
mas eu enquanto vivo e a Primavera estoira
nos pompos do vergel que plantei há pouco
vou na alegria anelada de uma vaca-loira
entre as ervas rasteiras como se voasse louco
e escrevo a leite de ocre por cima da verdura
estes versinhos todos muito bem rimados
para alegrar um dia a criatura
que meter as mãos nos meus papéis guardados
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