A propósito de «Ficção e Espírito»*, de António Quadros
A auto-biografia
(...) Porquê a auto-biografia? Porque ela é a possível autenticidade. A impossível verdade. Porque nela se procura a súmula do escritor-autor, porque é a verdadeira existência a exprimir-se e a revelar-se depois da vida, depois do erro, depois da obra. Já não é o livro a construir-se, é a lucidez a confessar-se, é a suma existencial a dizer-se. (...)
*(Livro de António Quadros, de 1971, ainda ensaístico mas entrecortado de páginas memoralistas.)
antónio quadros fala sobre aquestao da autobiogrfia? Em geral, entre genero literario e filosofico? gostaria de saber mais. Ando a estudar isso. Obrigada pela dica.
ResponderEliminarSim, em «Ficção e Espiríto» de 1971. Onde reflecte, entre outros assuntos, sobre as biografias de Ruben A., André Malraux, Nikos Kazantzaki, Jung e Berdadiev. Deste último, esta passagem (que António Quadros recupera) parece-me particularmente interessante.
ResponderEliminar“Este livro que escrevo sobre mim próprio não contém invenção, mas é uma interpretação e um conhecimento filosófico do meu eu e da minha vida. Esta interpretação e este conhecimento não são uma reminiscência do passado, mas, sim, um acto criador que se produz no momento presente. O valor desse acto é determinado pelo grau da sua elevação acima do tempo existencial, isto é, na eternidade. A vitória sobre o tempo mortífero foi a ideia essencial da minha vida. Este livro é franca e conscientemente egocêntrico, mas aqui o egocentrismo, sempre desagradável, é compensado pelo facto de que de mim e da minha vida faço um objecto de conhecimento filosófico.”
obrigada!é-me muito útil
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