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sexta-feira, 23 de maio de 2008
Histórias com Imagens - A Serpente e a Águia
Imagem de selo retirada de Filatelicamente.online
Neste momento em que as asas são mais necessárias, devemos invocar Hermes. Que ele nos empreste as asas para que a Serpente alada leve ágil a mensagem de uma nova idade.
A serpente símbolo da paz para os Gregos e para os Hindus.
O conto que aqui conto há muito foi contado... As histórias que sei aprendi-as em cima de um telhado, quando era andorinha! A sério, Anónimo, Os símbolos são tão só sinais, pistas de leitura e de interpretação do mundo. Se os sabemos ler, podem ser excelentes temas de reflexão. Quanto mais simples a história, maior valor pedagógico encerra, porque o seu significado não é já senão o encantamento das palavras e fórmulas que se repetem. Um dia conto a história da Águia e da Serpente... Por agora, dou o envolvimento: Há muito, muito tempo... Um abraço Um sorriso:) Muita Paz
Sabe que lhe dou razão? É fácil dar-lha, basta atender à cronologia, mas decerto não é disso que se trata. Para a linguagem dos símbolos a idade não conta. Uma civilização é um conceito demasiado vasto e até controverso... Os símbolos estão lá desde o início. Desde que o espírito sagrou o verbo com a capacidade do acontecimento, desde que a palavra fez acontecer. Nenhum fica sem ser dito, cantado, imaginado,escrito, ritualizado, reiteradamente actualizado, transformado, adaptado à cultura onde se enraízou. Dela não pode desprender-se, porque a leitura é permeável e as civilizações são seres vivos, nascem, definham, decaem e renovam-se. O mesmo não se passa com o símbolo, penso. Mas, sim, brindo a isso: ...«e no Silêncio Sagrado se ergue a Serpente judeo-suméria.» Afinal, também somos daí... Vi isso quando era gota de água :)
P.S. E um exemplo não é mais do que um exemplo. Também vivemos de contextualizações.
Essa também já foi contada. Deu em lágrimas, como sabes. No mundo dos homens adultos ergue-se a impossibilidade dos contrários, como um muro de incompreensão e de interditos. o mundo do sonho e das palavras que fazem acontecer, esse gatarrão velho e cansado, desperto para o amor ter-se-ia unido para sempre à graciosa andorinha. Não há matéria ou aparência física que vença o espírito e a dissolução amorosa. ... Então o Gato malhado de tanto esperar pela Andorinha chorou a sua tristeza. Os pássaros ao ouvir o seu lamento, soltaram uma melodia triste. As nuvens no céu escureceram e choraram também. As flores encolheram as suas pétalas e sumiram a sua cor. Tudo ficou tingido de treva. O mundo suspendeu-se por uns segundos. Das lágrimas do gato se formou um rio que cresceu até ao mar, das asas da andorinha se teceu uma vela branca e emplumada. De cada vez que que um barco se entrega à viagem, o oceano se une à vela branca. E uma luz nova se acende nos céus. É por isso que o céu tem tantas estrelas... Podes continuar...
Muitos dias passaram...até que um dia a andorinha, olhando para o fundo do mar, no reflexo da asa na branca vela deitada no mar, na sombra do mar, entreolhou o gato. Vinha o seu rosto, a sua face malhada, na superfície do mar. Nesse instante, de súbita consciência do que é cósmico e intemporal, percebeu que o seu corpo nas águas reflectido nada mais era do que a matéria do rosto perdido. Uma só alma eram os dois. Um só ser: corpo e alma, matéria e espírito, lenço e lágrima, gota e fundo de águas mais primordiais e genesíacas. Ecoou pelo vento a frase "não há matéria ou aparência física que vença o espírito da dissolução amorosa." Quando as velas se recolheram, porque o vento soprou mais forte, o rosto desapareceu. Mas não, não tinha desaparecido, tinha subido nas águas revoltas e entrado pelo barco adentro. Tocou as velas recolhidas e rasgou-as. Porque o amor se consuma, sem limites de forma e matéria, na embriaguez de um movimento que vai para além do olhar. É a violência de um movimento, um vórtice, que só salva os que nele se envolvem e revolvem. O amor é tempestade e desfiguração. Mar e Vela, àgua e Luz. Fundo e Altura. Mastro e quilha, embarcação sem rumo e perdição. Rota e desorientação. Deflagração e perpetuação. Depois do abraço e do grito o vento dançou com as nuvens e outros gritos se escutaram nos céus: o de Pedro e Inês, o de Ofélia...porque as ondas são ritmo e ritmo de quem sopra para dentro do que se faz com a imaginação.
As estrelas já não apareciam. Eram juntas num só Sol. A Isabel lá sabe que elas acendem (como disse no comentário ao texto de Paulo Borges) com a amizade e com o amor. Com o "A" de adeus e admiração.
Emudeço de tanta beleza. Há palavras que acendem um fogo raro, quando sopradas em dádiva e beleza. São tão leves e brilhantes que só podem ser o reflexo do coração a desfazer-se em ternura. Na história contada, uma nova luz se forma, uma nova chama onde se vão aquecer os amantes de todas as idades. ... Ora, a águia, que reune em si características de um conjunto de animais,todos eles cheios da sua própria natureza, em potência e em acto, antes de ser Símbolo, foi por Deus coroada com olhos tão brilhantes como o astro Rei. Nesse tempo em que as Serpentes invadiram a terra. Sabe-se que a serpente roubou a planta da eterna juventude a Gilamesh. Por esse motivo e outros que não vêm agora ao caso,Uruk recebeu o rei transformado e mortal. A Serpente desfez-se da pele e tocou Deus e os Homens. Tornou-se a Serpente Sagrada e emplumada que hoje conhecemos. Mas a Águia, animal completo...
Desafio para continuar a história ?
Um abraço e obrigada pelo belo texto. Também com o «A» de adeus e admiração.
Quando a Serpente olorosa do perfume se acercou de Deus, nele despertou o sonho do Jardim. O Jardim primeiro, primevo, antigo e vivo. Primavera e visão de Botticelli. Deus que nunca esteve zangado com a Serpente deu-lhe a liberdade para ela andar por onde quisesse. No mundo divino e no mundo humano. A Águia sempre luz, sempre solar, sempre distante, plurívoca criatura, sempre menos próxima, desce, às vezes, às almas nobre, às almas obscuras e traz-lhes saudades e futuro. Traz os tempos todos em potência e em acto, para que o homem não se esqueça que o Jardim do Paraíso não é um Jardim decorativo. O Jardim do Paríso é um Jardim CAOSMICO em que os ramos da árvore são os do Sol, que é a árvore da luz onde cantam anjos que se transformam em pássaros, pássaros que recortam as flores, as folhas e frutos, frutos que oferecem às cores, cores que invadem a vida e os vivos. A Águia heteróclita e heteronímica criatura, mãe das vozes e dos animais, respeitável porteira dos celestes, empresta o seu olhar aos que moram na madrugada e escrevem hinos, odes e são Píndaros descobrindo o Sonho e a Sombra onde os humanos vestem os trajes e trocam a máscara, tantas vezes que se esquecem da Águia, da companhia serena da Serpente e do caminho do Jardim. Esse caminho é a infância: Águia, Serpente e inocência como devir. Com mais admiração pelo que é, pelo que me conta e convida a contar. A Águia em mim abençoa a Língua em que pensa e escreve.
«Para a linguagem dos símbolos a idade não conta.»
Conta, conta, são obra humana, com história e início e não garatujas no céu.
«Os símbolos estão lá desde o início.»
Início do quê? No início dos inícios, nada há, apenas caos e sombra. No início da civilização? Sim, símbolos, anjos, homens, a Serpente, a única, a mãe de todas as por vir, sem dúvida sábia, mas nada pacífica, belicosa, alta. Além de que não se deixa interpretar - é hermética -, não por quem não se deixa morder.
Antes de haver civilização, antes de haver haver, é para onde me levam também as saudades do que não havia. Sem "fórmula inicial" a comunicação é de ningúém para ninguém.Falo de arquétipos. A Grande Mãe de todas as coiss não podia ser só sábia. Ela tomou várias formas,a sua sabedoria foi também teste, tentação, manha, sinal, "garatujo no céu" e na argila dos tempos; também "voz". Essa voz que, de melodiosa, nos faz inclinar o pescoço, para a dentada. Eu não existo, não sou de lugar nenhum da sua sabedoria. Às vezes falo de serpentes e de anjos e de coisas que, como eu, não existem...De fantasma para fantasma lhe digo. Já fui mordida. Lembra-se do "Principezinho"? Deixar-se morder é o caminho. Nesse livrinho, há um episódio em que as duas personagens, raposa e príncipe, nos dão a todos uma excelente lição. Vou com os pássaros, que são de uma civilização que não encontrou ainda língua que iguale a beleza e ritmo do seu voo. Vou com a andorinha. Quer vir, ou é pesado? Não tenha receio, a grande mãe segura as suas vestes... E se virmos moinhos, eles serão para nós moinhos. P.S. No culto do Endovélico, actualmente, há cavalos e também javalis. A paisagem é de um azul brilhante, quando o silêncio nos invade:)
Vou contar algo mais acerca da Águia e da Serpente, a pedido do primeiro anónimo que daqui se aproximou,
Era uma vez... num tempo que não era expansão, que não era contracção, nem caos, nem ordem, nem suspensão, nem fluir, nem águia nem serpente, nem movimento nem imobilidade... Nesse Tempo sem tempo,todos os dias a Serpente vinha deitar-se a meus pés. Ao início, confesso que me assustei. Onde é que estou? Que lugar é este onde as serpentes param na noite transparente dos nossos pés (ou nos pés azuis de Isabel)? Que estranho lugar é este? Lá os ouvidos não precisavem de existir, mas a música soprava ventos e sons de metais raros e levava-os para o mar. Lá os olhos não precisavam ver, mas as imagens surgiam por si próprias, apareciam, saíam, apareciam de novo, transformadas, seguindo rotas de luz sem luz, seguindo caminhos sem bússula para nos perdermos... Lá não era preciso falar. O silêncio falava por nós. Sonhei este país em latitudes próximas e em coordenadas de alma fui buscá-lo, onde sempre esteve. Nada. Nesse país utópico que agora renasce, começou a haver ruído. Ruído de muitas vozes, sopros em muitas direções, cavalos que se cruzavam e cruzavam, mas a gesta era difícil e os cavaleiros, bravos,aguerridos e belicosos por todo o lado faziam ouvir os seus gritos. Tinham uma missão, tinham um desejo,queriam voar. A Serpente viu-os. À espera que algum deles deixasse cair a Rosa... A Serpente sempre soube, desde o início dos tempos que não têm início, que, quando se quer agarrar o tempo e levantá-lo em louvor, há sempre uma Rosa que pode ser comida, ou morta pelo ruído estrondoso dos cavalos.
Foi quando a Serpente olhou a Águia. Olhos verdes, amarelos, brilhantes, hipnóticos, olhos de quem engoliu a luz. Imobilizados os olhos olharam-se. Projectadas na mente formaram-se imagens apocalípicas,memórias de combates de ritos, de morte. Não há história que valha sem morte, que é nascimento. As duas formas grandiosas continuaram olhar-se nos olhos. Labirintos, desafios, descidas ao inferno e lutas fantásticas desenharam-se no fogo que não crepita, mas afunda, dos seus amarelos olhos. Sem mais demoras, a história dá o seu fim que é o início de uma outra história, ou era, Era uma vez... A Águia e a Serpente estancaram e de tantas batalhas imaginadas, no fundo dos seus olhos, tornaram-se, subitamente estátuas. Pedra com luz lá dentro. Dessa pedra foi retirado o punho da espada que aqui se ergue. Nela está gravada em nobre metal, uma Águia e uma Rosa. A Serpente nunca foi de se deixar agarrar.
P.S. Não penses que me esqueci de ti, inspiradíssimo e radioso "gatinho". São lindas as tuas histórias, também esta é tua...
«Antes de haver civilização, antes de haver haver, é para onde me levam também as saudades do que não havia.»
Vazio semântico; este género de novelo nada me diz. E é um novelo que vais repetindo, ou desenrolando... Honestamente tentei perceber-te, mas o teu pensamento é um labirinto de ecos.
Conheço o episódio do príncipe e da impossível alimária falante. Coisas de poetas. Não vim fazer versos.
Culto do Endovélico? Qual? Ninguém sabe o que lá se fazia, nem sequer se era um culto, ou apenas veneração a um vestígio megalítico com que os celtas decaídos e analfabetos do Alentejo se espantavam. Quem afirma saber... é lunático e não arqueólogo. Quem mexe no chão nunca pergunta seja o que for ao Rainer Daehnhardt.
Os símbolos são obra humana, coisa do mundo tão imprestável como um caco de ânfora milenar. Claro, queremos que o Divino neles se manifeste.
Por vezes, sim - e então tornam-se espelhos. Nada mais.
Vou tentar esclarecer em linguagem prosaica o que é do domínio dos símbolos. Como bem sabes, há-de ser tarefa inútil. Escreve, e bem, Eleudoro de Sousa: «A arte é símbolo e como símbolo deve ser interpretada. Mas, que é interpretação? No sentido corrente, interpretar é exprimir, de certo modo, o mesmo que, de outro modo, ficou expresso. Se tal é o sentido de "interpretar", como aplicá-lo à poesia? Será possível recitar por outras palavras o mesmo conteúdo da mensagem poética? Ninguém ousará afirmá-lo. Neste caso, "interpretar" tem outro sentido, que é o de "esclarecer", embora, na prática interpretativa, o "esclarecimento" consista em traduzir a linguagem poética em prosaico discurso. Mas não há outro meio, outra mediação. E o processo tanto vale, ou tão pouco vale, para a poesia, como para qualquer outra das formas de arte. Por força da própria índole da linguagem racional, da própria estrutura do pensamento lógico-discursivo, o intérprete sempre terá de alegorizar, isto é, dizer sucessivamente outras coisas que todas são, ou melhor, tendem a ser, o que efectivamente, simbolicamente, já veio a ser a obra de arte.» (Eleudoro de Sousa, Arte e Escatologia,1961). 1. Antes de haver alguma coisa, havia o Nada. É desse momento que sentimos saudades. Eu sinto. 2. A fórmula inicial é usual quando nos dirigirmos a alguém (coisa que não foi feita). Assim, de ti para mim, a comunicação é de fantasma para fantasma, de ninguém para ninguém. De uma negação para outra negação. Não nos ouvimos. Desse modo, não há empatia; 3. A linguagem dos símbolos é eterna. É isso que quer dizer: «Para a linguagem dos símbolos a idade não conta» - Idade, metáfora de tempo, ou metonímia, se quiseres…- Os símbolos, quando se repetem e se reactualizam sob diferentes aspectos em diferentes culturas, tornam-se arquétipos. São ambivalentes, como tudo o que existe neste mundo; 4. Quanto à aceitação da morte, disse: «já fui mordida». Nada há a acrescentar. 5. O «Principezinho», como qualquer obra de arte, convida à alegoria que remete para a alegoria que é a mesma obra de arte. (ler de novo a citação de Eleudoro); 6. Chamei o episódio da Raposa e do Principezinho, para te lembrar que a aproximação ao outro deve ser cuidada e a amizade conquista-se gradualmente, de parte a parte. Não somos santos nem mártires, mas para ti, faço um esforço. 7. O convite para voar é tão só uma tentativa de pacificação. É também um convite a que deixes, por um momento, de lado o pensamento lógico-discursivo. Como se escrevêssemos um poema a dois. 8. O P.S. ( a propósito do Endovélico) é pura provocação, para te conhecer melhor. Vês? Existe da minha parte uma tentativa de abertura.
Quanto ao teu último comentário. Digo-te que este que agora escrevo demonstra que o «vazio semântico» não existe. A linguagem faz aparecer sempre qualquer coisa. Nunca é imprestável. Mesmo sendo eco, mesmo enrolando e desenrolando um novelo (para o lado de dentro ou para o lado de fora). Os poetas e os filósofos sabem-no bem. Sabem também dos espelhos. A poesia também é arqueologia, é necessário escavar no fundo do sentido, mesmo que para ti não tenha mais préstimo que um «caco de ânfora milenar». Claro que o homem é o único animal capaz do pensamento simbólico. Ora que grande novidade! Quanto aos desígnios divinos. Deus não é imagem. Ainda bem que falaste nos espelhos. Que bom seria que quando os olhássemos víssemos mais do que a nossa mesma face. Deus não passa procurações. É em cada um de nós que ele se revela.
P.S. Desculpa a extensão da coisa, para nada dizer. A provocação também pode ser uma estratégia e é, a maior parte das vezes, o teu cartão de apresentação. Lamento não conseguir manejar as palavras e quiçá o pensamento e o raciocínio para ser mais explícita. Quem sabe pode ser um teste à tua paciência.
É o prosaico que serve ao pensamento que indaga, não estamos num delírio ditirâmbico, nem somos um rapsodo em Atenas, girando sobre si mesmo em êxtase, como um derviche dançante, e a misturar doxografia e poesia.
Nem estamos a discutir o poético, embora considere que há algum cerramento simbólico nisto:
«Neste momento em que as asas são mais necessárias, devemos invocar Hermes. Que ele nos empreste as asas para que a Serpente alada leve ágil a mensagem de uma nova idade. A serpente símbolo da paz para os Gregos e para os Hindus.»
- mas não é poesia; tudo é claro neste teu texto, apesar de algum excesso simbólico.
1. Não discuto emoções. 2. Honestamente, não entendo a que te referes. Podes indicar? 3. A linguagem dos símbolos é perecível: está escrita num código de civilização que, tantas vezes, morre com ela. Por isso leva décadas a interpretar uma simples laje milenar. 4. Náo estou certo de compreender, mas acredito que te referirás a algo da tua vida e não a uma dimensão esotérica. De qualquer modo, a ser o segundo: não foste; nem sabes do que falo, nem detecto em ti essa iniciação. Mas não discuto mais aquilo que pouco esclareces, intencionalmente. 5. Questão menor - tu é que a foste buscar. É um belo livro, mas em nada nos faz progredir no que argumentamos. 6. Não percebi. Esforço porquê? Não te obrigo a responder, podes ignorar-me, além de que não entendo o domínio argumentativo da razão como trocas de afecto, mas como procura da verdade. 7. Abomino tudo o que é pacífico, porque sei que é um disfarce. Não há paz no mundo, excepto para os que se dopam, seja de amor, de vinho, ou de outra droga qualquer. Escrevo os meus poemas só. 8. Conhecer-me melhor em que sentido? Estou no que escrevo agora - e é tudo. Ninguém me conhece com provocações, tenho um fundo conhecimento da vileza do mundo e a mística a que pertenço é uma aprendizagem do mal que me liberta do Mal.
O vazio semântico existe se estamos no domínio sapiencial e nada dizemos.
Nunca disse que Deus é imagem. É ausência. E revela-se a muito poucos, sempre fragmentado, por O que o traz até nós.
E enganas-te, não provoco, acredito no que escrevo e penso, simplesmente estou desconstruído da civilização cristã e é difícil que me entendam moralmente.
Saudades do Futuro,
ResponderEliminarPoderias contar algo mais acerca da Águia e da Serpente?
O conto que aqui conto há muito foi contado...
ResponderEliminarAs histórias que sei aprendi-as em cima de um telhado, quando era andorinha!
A sério, Anónimo,
Os símbolos são tão só sinais, pistas de leitura e de interpretação do mundo. Se os sabemos ler, podem ser excelentes temas de reflexão. Quanto mais simples a história, maior valor pedagógico encerra, porque o seu significado não é já senão o encantamento das palavras e fórmulas que se repetem. Um dia conto a história da Águia e da Serpente... Por agora, dou o envolvimento: Há muito, muito tempo...
Um abraço
Um sorriso:)
Muita Paz
A civilização não nasceu na Índia nem na Grécia e no Silêncio Sagrado se ergue a Serpente judeo-suméria.
ResponderEliminarMas gostei de A ver aqui.
Lord of Erewhon,
ResponderEliminarSabe que lhe dou razão? É fácil dar-lha, basta atender à cronologia, mas decerto não é disso que se trata.
Para a linguagem dos símbolos a idade não conta. Uma civilização é um conceito demasiado vasto e até controverso... Os símbolos estão lá desde o início. Desde que o espírito sagrou o verbo com a capacidade do acontecimento, desde que a palavra fez acontecer. Nenhum fica sem ser dito, cantado, imaginado,escrito, ritualizado, reiteradamente actualizado, transformado, adaptado à cultura onde se enraízou. Dela não pode desprender-se, porque a leitura é permeável e as civilizações são seres vivos, nascem, definham, decaem e renovam-se. O mesmo não se passa com o símbolo, penso.
Mas, sim, brindo a isso: ...«e no Silêncio Sagrado se ergue a Serpente judeo-suméria.»
Afinal, também somos daí...
Vi isso quando era gota de água :)
P.S. E um exemplo não é mais do que um exemplo. Também vivemos de contextualizações.
.
Um abraço
Querida "andorinha",
ResponderEliminarAqui, neste cantinho do telhado, junto à chaminé, esperarei por ti, para te ouvir contar uma história que começa assim: "Há muito, muito tempo..."
Caro "gatinho",
ResponderEliminarEssa também já foi contada. Deu em lágrimas, como sabes.
No mundo dos homens adultos ergue-se a impossibilidade dos contrários, como um muro de incompreensão e de interditos.
o mundo do sonho e das palavras que fazem acontecer, esse gatarrão velho e cansado, desperto para o amor ter-se-ia unido para sempre à graciosa andorinha.
Não há matéria ou aparência física
que vença o espírito e a dissolução amorosa.
... Então o Gato malhado de tanto esperar pela Andorinha chorou a sua tristeza. Os pássaros ao ouvir o seu lamento, soltaram uma melodia triste. As nuvens no céu escureceram e choraram também. As flores encolheram as suas pétalas e sumiram a sua cor. Tudo ficou tingido de treva. O mundo suspendeu-se por uns segundos.
Das lágrimas do gato se formou um rio que cresceu até ao mar, das asas da andorinha se teceu uma vela branca e emplumada.
De cada vez que que um barco se entrega à viagem, o oceano se une à vela branca. E uma luz nova se acende nos céus. É por isso que o céu tem tantas estrelas...
Podes continuar...
Um abraço, gatinho
Olá !
ResponderEliminarMuitos dias passaram...até que um dia a andorinha, olhando para o fundo do mar, no reflexo da asa na branca vela deitada no mar, na sombra do mar, entreolhou o gato. Vinha o seu rosto, a sua face malhada, na superfície do mar. Nesse instante, de súbita consciência do que é cósmico e intemporal, percebeu que o seu corpo nas águas reflectido nada mais era do que a matéria do rosto perdido. Uma só alma eram os dois. Um só ser: corpo e alma, matéria e espírito, lenço e lágrima, gota e fundo de águas mais primordiais e genesíacas. Ecoou pelo vento a frase "não há matéria ou aparência física que vença o espírito da dissolução amorosa." Quando as velas se recolheram, porque o vento soprou mais forte, o rosto desapareceu. Mas não, não tinha desaparecido, tinha subido nas águas revoltas e entrado pelo barco adentro. Tocou as velas recolhidas e rasgou-as. Porque o amor se consuma, sem limites de forma e matéria, na embriaguez de um movimento que vai para além do olhar. É a violência de um movimento, um vórtice, que só salva os que nele se envolvem e revolvem. O amor é tempestade e desfiguração. Mar e Vela, àgua e Luz. Fundo e Altura. Mastro e quilha, embarcação sem rumo e perdição. Rota e desorientação. Deflagração e perpetuação.
Depois do abraço e do grito o vento dançou com as nuvens e outros gritos se escutaram nos céus: o de Pedro e Inês, o de Ofélia...porque as ondas são ritmo e ritmo de quem sopra para dentro do que se faz com a imaginação.
As estrelas já não apareciam. Eram juntas num só Sol. A Isabel lá sabe que elas acendem (como disse no comentário ao texto de Paulo Borges) com a amizade e com o amor. Com o "A" de adeus e admiração.
Um abraço, Saudades do Futuro
Olá, «gatinho malhado«,
ResponderEliminarEmudeço de tanta beleza. Há palavras que acendem um fogo raro, quando sopradas em dádiva e beleza.
São tão leves e brilhantes que só podem ser o reflexo do coração a desfazer-se em ternura.
Na história contada, uma nova luz se forma, uma nova chama onde se vão aquecer os amantes de todas as idades.
...
Ora, a águia, que reune em si características de um conjunto de animais,todos eles cheios da sua própria natureza, em potência e em acto, antes de ser Símbolo, foi por Deus coroada com olhos tão brilhantes como o astro Rei. Nesse tempo em que as Serpentes invadiram a terra. Sabe-se que a serpente roubou a planta da eterna juventude a Gilamesh. Por esse motivo e outros que não vêm agora ao caso,Uruk recebeu o rei transformado e mortal. A Serpente desfez-se da pele e tocou Deus e os Homens. Tornou-se a Serpente Sagrada e emplumada que hoje conhecemos. Mas a Águia, animal completo...
Desafio para continuar a história ?
Um abraço e obrigada pelo belo texto. Também com o «A» de adeus e admiração.
Quando a Serpente olorosa do perfume se acercou de Deus, nele despertou o sonho do Jardim. O Jardim primeiro, primevo, antigo e vivo. Primavera e visão de Botticelli. Deus que nunca esteve zangado com a Serpente deu-lhe a liberdade para ela andar por onde quisesse. No mundo divino e no mundo humano. A Águia sempre luz, sempre solar, sempre distante, plurívoca criatura, sempre menos próxima, desce, às vezes, às almas nobre, às almas obscuras e traz-lhes saudades e futuro. Traz os tempos todos em potência e em acto, para que o homem não se esqueça que o Jardim do Paraíso não é um Jardim decorativo. O Jardim do Paríso é um Jardim CAOSMICO em que os ramos da árvore são os do Sol, que é a árvore da luz onde cantam anjos que se transformam em pássaros, pássaros que recortam as flores, as folhas e frutos, frutos que oferecem às cores, cores que invadem a vida e os vivos. A Águia heteróclita e heteronímica criatura, mãe das vozes e dos animais, respeitável porteira dos celestes, empresta o seu olhar aos que moram na madrugada e escrevem hinos, odes e são Píndaros descobrindo o Sonho e a Sombra onde os humanos vestem os trajes e trocam a máscara, tantas vezes que se esquecem da Águia, da companhia serena da Serpente e do caminho do Jardim. Esse caminho é a infância: Águia, Serpente e inocência como devir.
ResponderEliminarCom mais admiração pelo que é, pelo que me conta e convida a contar. A Águia em mim abençoa a Língua em que pensa e escreve.
«Para a linguagem dos símbolos a idade não conta.»
ResponderEliminarConta, conta, são obra humana, com história e início e não garatujas no céu.
«Os símbolos estão lá desde o início.»
Início do quê? No início dos inícios, nada há, apenas caos e sombra. No início da civilização? Sim, símbolos, anjos, homens, a Serpente, a única, a mãe de todas as por vir, sem dúvida sábia, mas nada pacífica, belicosa, alta.
Além de que não se deixa interpretar - é hermética -, não por quem não se deixa morder.
Caro Lord of Erewhon,
ResponderEliminarAntes de haver civilização, antes de haver haver, é para onde me levam também as saudades do que não havia. Sem "fórmula inicial" a comunicação é de ningúém para ninguém.Falo de arquétipos. A Grande Mãe de todas as coiss não podia ser só sábia. Ela tomou várias formas,a sua sabedoria foi também teste, tentação, manha, sinal, "garatujo no céu" e na argila dos tempos; também "voz". Essa voz que, de melodiosa, nos faz inclinar o pescoço, para a dentada.
Eu não existo, não sou de lugar nenhum da sua sabedoria. Às vezes falo de serpentes e de anjos e de coisas que, como eu, não existem...De fantasma para fantasma lhe digo. Já fui mordida.
Lembra-se do "Principezinho"?
Deixar-se morder é o caminho. Nesse livrinho, há um episódio em que as duas personagens, raposa e príncipe, nos dão a todos uma excelente lição.
Vou com os pássaros, que são de uma civilização que não encontrou ainda língua que iguale a beleza e ritmo do seu voo. Vou com a andorinha. Quer vir, ou é pesado?
Não tenha receio, a grande mãe segura as suas vestes... E se virmos moinhos, eles serão para nós moinhos.
P.S. No culto do Endovélico, actualmente, há cavalos e também javalis. A paisagem é de um azul brilhante, quando o silêncio nos invade:)
Um abraço
Vou contar algo mais acerca da Águia e da Serpente, a pedido do primeiro anónimo que daqui se aproximou,
ResponderEliminarEra uma vez... num tempo que não era expansão, que não era contracção, nem caos, nem ordem, nem suspensão, nem fluir, nem águia nem serpente, nem movimento nem imobilidade... Nesse Tempo sem tempo,todos os dias a Serpente vinha deitar-se a meus pés. Ao início, confesso que me assustei. Onde é que estou? Que lugar é este onde as serpentes param na noite transparente dos nossos pés (ou nos pés azuis de Isabel)? Que estranho lugar é este?
Lá os ouvidos não precisavem de existir, mas a música soprava ventos e sons de metais raros e levava-os para o mar. Lá os olhos não precisavam ver, mas as imagens surgiam por si próprias, apareciam, saíam, apareciam de novo, transformadas, seguindo rotas de luz sem luz, seguindo caminhos sem bússula para nos perdermos... Lá não era preciso falar. O silêncio falava por nós. Sonhei este país em latitudes próximas e em coordenadas de alma fui buscá-lo, onde sempre esteve. Nada. Nesse país utópico que agora renasce, começou a haver ruído. Ruído de muitas vozes, sopros em muitas direções, cavalos que se cruzavam e cruzavam, mas a gesta era difícil e os cavaleiros, bravos,aguerridos e belicosos por todo o lado faziam ouvir os seus gritos. Tinham uma missão, tinham um desejo,queriam voar. A Serpente viu-os. À espera que algum deles deixasse cair a Rosa...
A Serpente sempre soube, desde o início dos tempos que não têm início, que, quando se quer agarrar o tempo e levantá-lo em louvor, há sempre uma Rosa que pode ser comida, ou morta pelo ruído estrondoso dos cavalos.
Foi quando a Serpente olhou a Águia. Olhos verdes, amarelos, brilhantes, hipnóticos, olhos de quem engoliu a luz. Imobilizados os olhos olharam-se. Projectadas na mente formaram-se imagens apocalípicas,memórias de combates de ritos, de morte. Não há história que valha sem morte, que é nascimento.
As duas formas grandiosas continuaram olhar-se nos olhos. Labirintos, desafios, descidas ao inferno e lutas fantásticas desenharam-se no fogo que não crepita, mas afunda, dos seus amarelos olhos.
Sem mais demoras, a história dá o seu fim que é o início de uma outra história, ou era, Era uma vez...
A Águia e a Serpente estancaram e de tantas batalhas imaginadas, no fundo dos seus olhos, tornaram-se, subitamente estátuas. Pedra com luz lá dentro. Dessa pedra foi retirado o punho da espada que aqui se ergue. Nela está gravada em nobre metal, uma Águia e uma Rosa. A Serpente nunca foi de se deixar agarrar.
P.S. Não penses que me esqueci de ti, inspiradíssimo e radioso "gatinho". São lindas as tuas histórias, também esta é tua...
Errata: Lá em cima há uma «bússula" que é "bússola" ou outro instrumento de bem marear.
ResponderEliminar:)
«Antes de haver civilização, antes de haver haver, é para onde me levam também as saudades do que não havia.»
ResponderEliminarVazio semântico; este género de novelo nada me diz. E é um novelo que vais repetindo, ou desenrolando... Honestamente tentei perceber-te, mas o teu pensamento é um labirinto de ecos.
Conheço o episódio do príncipe e da impossível alimária falante. Coisas de poetas. Não vim fazer versos.
Culto do Endovélico? Qual? Ninguém sabe o que lá se fazia, nem sequer se era um culto, ou apenas veneração a um vestígio megalítico com que os celtas decaídos e analfabetos do Alentejo se espantavam. Quem afirma saber... é lunático e não arqueólogo. Quem mexe no chão nunca pergunta seja o que for ao Rainer Daehnhardt.
Os símbolos são obra humana, coisa do mundo tão imprestável como um caco de ânfora milenar. Claro, queremos que o Divino neles se manifeste.
Por vezes, sim - e então tornam-se espelhos. Nada mais.
Caro Lord of Erehwon,
ResponderEliminarVou tentar esclarecer em linguagem prosaica o que é do domínio dos símbolos. Como bem sabes, há-de ser tarefa inútil. Escreve, e bem, Eleudoro de Sousa: «A arte é símbolo e como símbolo deve ser interpretada. Mas, que é interpretação? No sentido corrente, interpretar é exprimir, de certo modo, o mesmo que, de outro modo, ficou expresso. Se tal é o sentido de "interpretar", como aplicá-lo à poesia? Será possível recitar por outras palavras o mesmo conteúdo da mensagem poética? Ninguém ousará afirmá-lo. Neste caso, "interpretar" tem outro sentido, que é o de "esclarecer", embora, na prática interpretativa, o "esclarecimento" consista em traduzir a linguagem poética em prosaico discurso.
Mas não há outro meio, outra mediação. E o processo tanto vale, ou tão pouco vale, para a poesia, como para qualquer outra das formas de arte. Por força da própria índole da linguagem racional, da própria estrutura do pensamento lógico-discursivo, o intérprete sempre terá de alegorizar, isto é, dizer sucessivamente outras coisas que todas são, ou melhor, tendem a ser, o que efectivamente, simbolicamente, já veio a ser a obra de arte.» (Eleudoro de Sousa, Arte e Escatologia,1961).
1. Antes de haver alguma coisa, havia o Nada. É desse momento que sentimos saudades. Eu sinto.
2. A fórmula inicial é usual quando nos dirigirmos a alguém (coisa que não foi feita). Assim, de ti para mim, a comunicação é de fantasma para fantasma, de ninguém para ninguém. De uma negação para outra negação. Não nos ouvimos. Desse modo, não há empatia;
3. A linguagem dos símbolos é eterna. É isso que quer dizer: «Para a linguagem dos símbolos a idade não conta» - Idade, metáfora de tempo, ou metonímia, se quiseres…- Os símbolos, quando se repetem e se reactualizam sob diferentes aspectos em diferentes culturas, tornam-se arquétipos. São ambivalentes, como tudo o que existe neste mundo;
4. Quanto à aceitação da morte, disse: «já fui mordida». Nada há a acrescentar.
5. O «Principezinho», como qualquer obra de arte, convida à alegoria que remete para a alegoria que é a mesma obra de arte. (ler de novo a citação de Eleudoro);
6. Chamei o episódio da Raposa e do Principezinho, para te lembrar que a aproximação ao outro deve ser cuidada e a amizade conquista-se gradualmente, de parte a parte. Não somos santos nem mártires, mas para ti, faço um esforço.
7. O convite para voar é tão só uma tentativa de pacificação. É também um convite a que deixes, por um momento, de lado o pensamento lógico-discursivo. Como se escrevêssemos um poema a dois.
8. O P.S. ( a propósito do Endovélico) é pura provocação, para te conhecer melhor. Vês? Existe da minha parte uma tentativa de abertura.
Quanto ao teu último comentário. Digo-te que este que agora escrevo demonstra que o «vazio semântico» não existe. A linguagem faz aparecer sempre qualquer coisa. Nunca é imprestável.
Mesmo sendo eco, mesmo enrolando e desenrolando um novelo (para o lado de dentro ou para o lado de fora). Os poetas e os filósofos sabem-no bem. Sabem também dos espelhos. A poesia também é arqueologia, é necessário escavar no fundo do sentido, mesmo que para ti não tenha mais préstimo que um «caco de ânfora milenar». Claro que o homem é o único animal capaz do pensamento simbólico. Ora que grande novidade!
Quanto aos desígnios divinos. Deus não é imagem. Ainda bem que falaste nos espelhos. Que bom seria que quando os olhássemos víssemos mais do que a nossa mesma face. Deus não passa procurações. É em cada um de nós que ele se revela.
P.S. Desculpa a extensão da coisa, para nada dizer. A provocação também pode ser uma estratégia e é, a maior parte das vezes, o teu cartão de apresentação. Lamento não conseguir manejar as palavras e quiçá o pensamento e o raciocínio para ser mais explícita. Quem sabe pode ser um teste à tua paciência.
Um abraço
Um sorriso:)
Muita Paz
É o prosaico que serve ao pensamento que indaga, não estamos num delírio ditirâmbico, nem somos um rapsodo em Atenas, girando sobre si mesmo em êxtase, como um derviche dançante, e a misturar doxografia e poesia.
ResponderEliminarNem estamos a discutir o poético, embora considere que há algum cerramento simbólico nisto:
«Neste momento em que as asas são mais necessárias, devemos invocar Hermes. Que ele nos empreste as asas para que a Serpente alada leve ágil a mensagem de uma nova idade.
A serpente símbolo da paz para os Gregos e para os Hindus.»
- mas não é poesia; tudo é claro neste teu texto, apesar de algum excesso simbólico.
1. Não discuto emoções.
2. Honestamente, não entendo a que te referes. Podes indicar?
3. A linguagem dos símbolos é perecível: está escrita num código de civilização que, tantas vezes, morre com ela. Por isso leva décadas a interpretar uma simples laje milenar.
4. Náo estou certo de compreender, mas acredito que te referirás a algo da tua vida e não a uma dimensão esotérica. De qualquer modo, a ser o segundo: não foste; nem sabes do que falo, nem detecto em ti essa iniciação.
Mas não discuto mais aquilo que pouco esclareces, intencionalmente.
5. Questão menor - tu é que a foste buscar. É um belo livro, mas em nada nos faz progredir no que argumentamos.
6. Não percebi. Esforço porquê? Não te obrigo a responder, podes ignorar-me, além de que não entendo o domínio argumentativo da razão como trocas de afecto, mas como procura da verdade.
7. Abomino tudo o que é pacífico, porque sei que é um disfarce. Não há paz no mundo, excepto para os que se dopam, seja de amor, de vinho, ou de outra droga qualquer.
Escrevo os meus poemas só.
8. Conhecer-me melhor em que sentido? Estou no que escrevo agora - e é tudo. Ninguém me conhece com provocações, tenho um fundo conhecimento da vileza do mundo e a mística a que pertenço é uma aprendizagem do mal que me liberta do Mal.
O vazio semântico existe se estamos no domínio sapiencial e nada dizemos.
Nunca disse que Deus é imagem. É ausência. E revela-se a muito poucos, sempre fragmentado, por O que o traz até nós.
E enganas-te, não provoco, acredito no que escrevo e penso, simplesmente estou desconstruído da civilização cristã e é difícil que me entendam moralmente.
Não sou nem paciente nem impaciente.
Cumprimentos.
Caro Lord,
ResponderEliminarRetribuo os cumprimentos.