A espiral mais perfeita que alguém, alguma vez, pôde expressar. A harmonia ascendente capaz de tudo irmanar.
Esta é a língua de todos os seres, de todas as tribos, aquela que sempre foi nossa, que calámos e misteriosamente deixámos de entoar. Tão óbvia e ancestral que, imperceptivelmente, se repete no vagar do dia, no pulsar da florescência, na contingência da luz na noite mais profunda, no nosso código genético, em todos os átomos. Mergulha na origem de todas as origens, desvenda um trilho de união, converge na fusão de todos os seres numa única constelação que se repete no mais etéreo céu e no mais profundo mar.
( Talvez a tenham gravado em pedra, caríssimo Obscuro !)
(Onde tu vês anjos, eu encontro células e átomos, Isabel. Mas qual é a diferença afinal?)
Sooorrisoooooo imenso.
ResponderEliminarNenhuma. Os anjos são-me mais fáceis de chegar ao olho, porque olho para o distante e oiço Rilke.Devo mal ao perto e não vejo nada do meu tempo. Tu vês o mais ínfimo e tens olho para aquilo que Leibniz chama de "petite perception". Mas é o mesmo. Deve ser.
O mais estranho disto tudo é que estive a escrever para uma fotografia que recebi e que pensei mandar-te em resposta ao excesso que ontem nos ofereceste. E tu vens agora com esta pergunta...deve haver anjos pelo meio...ou teremos células comunicantes? Não sei...respondo com uma música de Yann Tiersen, Summer 78.
Um abraço grande.
Agora sou eu que sorrio!
ResponderEliminar- Yann Tiersen, sua grande minimalista encoberta???
Somos uma só mente, por mais diferentes e diversos que nos aparentemos.
Agora desato a rir. Cai-me um véu. Mas sei entoar "Summmer 78" com a voz.
ResponderEliminarRespondo, entoando...e sei que na repetição vou encontrar a aurora, a asa, a célula a partir da qual tudo se fez multiplicidade. Sei que vou reunir-me e silenciar-me, depois.
Agora convido-te para passearmos a cantar pelo que somos, entre os caminhos. Anda vamos cantar...
Nao existe deferença,nao importa se sentimos anjos ou átomos, importante é estar presente, sentir o Belo!.......
ResponderEliminarCara Ana Moreira,
ResponderEliminarÉ mesmo verdade. Oiça:
No reino das pedras falantes vivia um povo que nunca tinha mergulhado no mar.
Na estela gravada para o rei podia ler-se: Tu, que foste homem nobre e poderoso guerreiro, nasceste e morreste sem ir ao fundo do mar. Mergulhaste na morte como na vida. Cumpriste.
Conta-se que o rei teve uma visão, antes de morrer. Teria sonhado uma língua capaz de fazer viajar, em espiral, até ao mais alto dos céus, os seres vindouros.
Conta-se que essa inscrição, gravada em sinais misteriosos numa pedra que canta, foi encontrada por Orpheu que, na sua expedição, a transmitiu ao povo que guardava o velo de oiro.
Muitos anos foram passados e muitos caminhos percorridos, até que a pedra cantante se fizesse ouvir. Sebastian, em sonhos, leu-lhe os sinais. Ao acordar, lembrou-se deles e gravou-os numa pauta de música. Foi o seu grande mergulho nas coisasque dançam em som, cor e maravilha, com os elementos.
Tinha sido sonhado pela pedra que canta.
Que bonita esta narrativa. Há narrativas que têm tanta música como a música. Que saudades futuras que já tinha do Obscuro que saíu debaixo de uma pedra...ou será que ele sabe escrever na pedra, e que tudo o que escreve, por ser duradouro escolhe a pedra, a rovha que guarda sons ( um especial biólogo/geólogo já me ensinou que há rochas que guardam sons, têm uma quase memória)? Escrita rupestre no tempo em que tudo é sem tempo...Obscuro mora, Ana, como os Anjos onde o tempo se faz eternidade. Por isso se lembra do que é inesquecível. Obrigada aos dois pela beleza...
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