sexta-feira, 4 de abril de 2008

aceno

Passo a passo

Companheira

Nos aproximamos

Da infinita câmara

Para o repouso

Também ele

Partilhado

E sem fim

Com seus silêncios de pedra.

No oriente eterno

Em que dormimos

Estaremos apenas quietos

Camarada.

Por breves instantes

Os nossos passos

Se acompanharam

Lado a lado

No fulgor encarnado por encantos

Na partilha alegre das montanhas

Na extensão dos vales e dos mares

Na consentida presença

Companheira

No mesmo pão mastigado

Sobre as duras pedras

E as flores

Do caminho

Também ele

Interminável

Também ele

Animado –

E, ele também, solitário

Com seus cantos de cigarras.

4 comentários:

  1. Poema belo e triste ... Poema de despedida? De perspectiva de morte?

    Sera que essa companheira nao conseguiu ajudar a voz do poema a superar a morte, visto que o Amor e A-mors, ausencia de morte?

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  2. Caminante, son tus huellas
    el camino, y nada más;
    caminante, no hay camino,
    se hace camino al andar.
    Al andar se hace camino,
    y al volver la vista atrás
    se ve la senda que nunca
    se ha de volver a pisar.
    Caminante, no hay camino,
    sino estelas en la mar.

    Caminhante, são teus rastos
    o caminho, e nada mais;
    caminhante, não há caminho,
    faz-se caminho ao andar.
    Ao andar faz-se o caminho,
    e ao olhar-se para trás
    vê-se a senda que jamais
    se há-de voltar a pisar.
    Caminhante, não há caminho,
    somente sulcos no mar.

    António Machado

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  3. O objectivo do caminho e o proprio caminho, o proprio processo de crescimento, transformacao e transcendencia que este implica, e nao o seu objectivo.

    O objectivo de uma senda e apenas o farol que guia o caminhante.

    Quando o objectivo e atingido, o caminho e o caminhante esfumam-se em nada.

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  4. Entrelacemos as mãos de ausência
    Repousemos no ombro do esquecimento
    Deslizemos para o sem fim
    Seja esse nosso alento

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