Mesmo quando ousa falar à multidão é com a alma que dança, o Sileno.
Sileno é o homem desterrado, ritmado pela profunda melodia do silêncio...Sileno silente que escuta o Nada...abre os braços para que ele se derrame como resposta à pergunta que não fazemos.
Sileno poeta, respondendo à pergunta que não formulamos…agora que partes, deixa que alguns te digam, Sileno:
há também os que dançam, como essa outra estátua que cobre o rosto e sozinha se dirige para o cais da partida, na Hora Absurda, e só não parte porque ainda escuta estes versos de uma tragédia que o não foi por lhe faltar a música e o coro…
"O teu silêncio é uma nau com todas as velas pandas...
O teu silêncio recolhe-o [ao seu coração partido] e guarda-o, a um canto...
Ah, e o teu silêncio é um perfil de píncaro ao sol!
E o teu silêncio é uma cegueira minha..."
A cegueira com que contempla, a bailarina do Nada, as paisagens que não existem senão no interior das pálpebras fechadas. As paisagens da alma. Mas também ela chegará dançando e muda. A bailarina de rosto encoberto na vergonha e no medo.
BonDia Isabel,
ResponderEliminarGosto muito de ler o que escreves,
muito embora me seja difícil compreender na íntegra muitas coisas e que não é comportável seguir-lhe sempre as pistas para voltar aos textos e relê-los. O mais importante para mim, no entanto, é a experiência da tua expressão iluminada com que te tornas inacessível, num acto de Amor transbordante.
(Não percebi a cegueira da bailarina, se o é do Nada...)
Bom dia Luisa,
ResponderEliminareu também gosto muito da sua/tua sensibilidade e do que leio, da coroa de paz com que acolhe/s todos. Desculpa ser inacessível. Devo ser menos, desculpa. A cegueira da bailarina remete para uma escultura que está em Nova Iorque. Mas também remete para um texto de Derrida sobre as memórias dos cegos. Mas sim, tem que ver com o Nada. Com os que sabem que se pudessemos escolher escolheríamos poder não ser nada, por tudo ser Nada e o Nada ser o fundo de tudo o que aparece. Sou mesmo impossível! Não deve ser nada iluminada a escrita...mas a Luisa tem/tens essa infinita generosidade. Mas percebeu/percebeste. Leitora de Amor transbordante. Um grande e fundo sorriso.
Obrigada. Pergunta sempre...leitora bem iluminada.
Bela,
ResponderEliminarSe estiveres por aqui na Serpente... vê a tua caixa de e-mail. Já respondi... o meu telemóvel ficou no carro ontem !
Sorrisos...
NOta 1:Obrigada Serpente por seres mais rápida do que a portugalmail...e assim reunires o que estava separado.
ResponderEliminarNota 2: Luiza, desculpe/a mas estou tão cansada que escrevi mal o seu/teu nome. Não foi por mal, mas essa desatenção deixou-me triste comigo mesma. Um nome é um nome. Talvez por me ser um nome familiar e que escrevo muitas vezes, mas com "s"...Enfim, e só vi agora!
Cara Isabel,
ResponderEliminarAlegra-te, com s está correctíssimo. Tal como com z. Não conhecendo a estátua nem conhecendo o pensamento de Derrida, agradeço as referências pois me levarão certamente a sítios conhecidos inesperados que eu não me lembraria existirem. E a encontros dentro de encontros, como já se verifica. E às memórias cegas, e a dançar qual bailarina do Nada sem parar de chorar, num irreparável estado evanescente.
Que bom...
Vejo-me ao espelho neste texto. Estranho é ter andado com estas ideias/imagens a boiarem-me na alma nos últimos tempos... à mistura com uma recente febre musical que me tem deixado fora do mundo a ver se consigo arrebatar por instantes, e apesar dos meus pés de sileno, a bailarina do nada e deixar-me escorrer para o lado de dentro do silêncio, para o abismo dos pássaros do Messiaen... Se lá houver violinos, então o Universo tem sentido. :)
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