Penso que o reconhecimento do vazio dos fenómenos pode ser fruto do seguinte pensamento:
os fenómenos são contingentes
e, desse modo,
não existirem é uma possibilidade, tão real como a de existirem.
Por isso,
na visualização de um fenómeno, podemos negá-lo (mentalmente, com a outra possibilidade, a de ele não existir),
e ver o que se não pode ver, a saber, o vazio respeitante a esse fenómeno.
O fenómeno comporta, em si, a sua negação (e esta frase daria pano para mangas).
[edit: mas pergunto - serão os fenómenos realmente vazios ou inexistentes? Ou será que a realidade é plena? O que significa dizer que algo é substancial ou insubstancial, num sentido não lockeano de substância? O que é um sentido não lockeano de substância? Não sei a resposta a estas questões... mas penso, normalmente, que o mundo não é cheio/pleno, tal como apregoado nos textos taoístas - o vaso vazio - e que tudo assenta no vazio, isto é, no Nada... que chegamos a um ponto da nossa investigação em que nos deparamos com um Abismo que é coisa nenhuma e que dá para coisa nenhuma - falamos então do incriado, não só como nonada, mas como realmente Nada, Silêncio, Ausência, Não-Ser -, infinito... e isto caso queiramos manter o realismo e não um idealismo como parece ser o caso da doutrina Advaita Vedanta... uma grande questão é que tecemos e nos prendemos a elaboradas teorias que mais não são do que ilusões relativas a um mundo que é absolutamente fenomenal, como se de um sonho se tratasse - pergunto: haverá um mundo, uma existência, por mais ínfima que seja, para lá dos fenómenos? Ou tudo o que temos são fenómenos gerando fenómenos, sonhos gerando sonhos? Em que creio? Ainda não me decidi, mas creio, aparentemente e sem esforço meditativo, no Abismo... ligando este post ao anterior, qual será a melhor religião para mim? Eu, que tanto critiquei os monges, que até já pensei tornar-me num... Penso que tenho e temos de ter mais confiança nas nossas intuições, em busca de uma ontologia verdadeira... Paz.]
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