Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
domingo, 9 de março de 2008
Caminhando para casa
Ele não sabia se a sua casa, o sítio onde pertencia, estava algures no passado, das suas memórias, já não existia, ou se era um sítio aonde um dia iria chegar. Nem sabia bem o que significava essa ideia de "casa". Perguntava-se constantemente: o que é a casa? Onde é casa? Às tantas, julgava já ser um mundo da sua imaginação, que nunca se iria materializar - viveria sempre com o sentimento de falta, de incompletude, que achava que o caracterizava não só a ele, mas a tudo. A casa seria, portanto, aquilo que o iria completar, melhor do que o lugar, o momento, em que se sentiria completo. Mas era um pouco céptico e, com frequência, questionava todas as suas ideações e olhava de forma crua para o presente, dizendo: eu sou isto. E, rasgado, não era mais do que um pedaço de matéria ambulante, semelhante às pedras, ao pó. Por entre os seus rasgos de cepticismo, porém, perguntava-se: o que é uma pedra? E dava consigo a questionar a raíz de tudo, a questionar. Por que queria saber tanto? Ele, na verdade, queria saber pouco, apenas esse único conhecimento que lhe permitiria viver em paz para todo o sempre - era, então, esse o seu objectivo. Tendo esse único conhecimento, não mais se consideraria um ignorante, mas um desperto; aniquilado toda a falsa fome de falso conhecimento, em si, e seria nada mais do que uma luz jubilosa brilhando na eternidade. Restaria algum conhecimento?
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