Poderá existir religião sem ética? Para que o possamos saber, temos, primeiro, de saber o significado de ambos os conceitos.
Religião é religação a Deus, ao mundo ou a um ou vários aspectos do mundo.
Ética é ou o comportamento ou o estudo do comportamento ou a normatização do comportamento.
As religiões tendem a normatizar o comportamento. Mas será isso necessário para que ocorram religações? Penso que não.
É possível que alguém não se refugie nem em Buda, nem na Lei, nem na Comunidade, que consuma álcool ou outras drogas, que vá às putas, que mate, roube e viole e, ainda assim, após tudo isso, atinja a iluminação ou religação.
De resto, para quem goste de argumentos de autoridade, situações idênticas estão contempladas em Escrituras de religiões sobejamente conhecidas.
Nuno amigo, por favor, repara bem nos preconceitos e na superficialidade que estão por detrás da tua análise conceptual... A Consciência tem diversos planos todos interligados; em termos relativos, a Ética é o mais elevado desses planos, é o plano da Responsabilidade.
ResponderEliminarTens bem noção da monstruosidade que estás a dizer?
Um abraço
É possível que esteja a dizer uma monstruosidade e que não tenha reparado. Sim, a responsabilidade é muito importante. Mas considero que uma religação é independente de qualquer responsabilidade. Afinal, até os assassinos podem religar-se. Ou não?
ResponderEliminarUm abraço
Creio que todos os seres, sem excepção, se salvam, mas não antes de terem uma consciência ética devidamente resolvida. Se não onde encaixas o samsara? Se as autoridades existem, por algum motivo é; acho muito bem que estejas mesmo decidido em criares a tua própria religião, também penso que no fundo é isso que cada um de nós tem que fazer, mas talvez não seja nada útil negar o valor da ética sem ter uma consciência sólida e esclarecida do porquê da sua existência! Isso implica estudo sério, reflexão, muita prática... Será possível cada um criar a sua própria religião sem uma indagação profunda? Será suficiente imitar mecanicamente o que dizem as autoridades, papagueá-las sem mais nem menos? Compreendo perfeitamente a dimensão iluminante da tua experiência estética, condivido inteiramente, também foi essa a minha grande porta de entrada: Verão, nascer do Sol, praia deserta, ia todos os dias, não perdia um amanhecer que fosse; a Baía do Silêncio na lagoa das Sete Cidades, plenitude infinita... O Pinhal da Paz, experiências de união misteriosas, inexplicáveis... impossível verbalizar. Mas na altura o meu objectivo era só um, aprender a meditar, e a contemplação da Natureza foi o grande suporte, foi a base, foi aí que tudo começou, na estética... Mas isso foi só a primeira iniciação, o primeiro passo, o Universo não é só estética... É-me inconcebível que uma "religação" possa ser independente da responsabilidade em relação às nossas acções, não pode haver consciência sem ética, parece-me simplesmente elementar...
ResponderEliminarFica bem, abraço