“O sentido de toda a terapêutica é a Vida- a vida do homem, a sua conservação, o seu restabelecimento, e o seu pleno cumprimento.
Toda a terapêutica tem por objectivo curar, dito de outra forma, de permitir ao homem recobrar a sua totalidade ou de dela dispor pela primeira vez. Ela propõe-se igualmente liberar o homem do sofrimento.
Na realidade há dois tipos de sofrimento: o de não poder preencher esta ou aquela função no mundo e o de não poder encontrar a união consigo próprio, isto é, de não poder ser completamente quem se é na realidade. No primeiro caso, falta qualquer coisa que permitiria fazer face às exigências do mundo ou de responder correctamente às suas incitações. Esta falta resulta do que se possui, sabe ou pode fazer. No segundo caso, ao contrário, aquilo que falta surge do que se é. (não se poder ser aquele que se é realmente no fundo do seu ser essencial.)
Há por um lado a terapêutica pragmática, e por outro a terapêutica iniciática-. O adjectivo iniciático vem do latim initiare que quer dizer: abrir a porta conducente ao que é secreto. O que é secreto é o homem, ele próprio na sua essência, no seu ser “essencial”.. Por ser essencial, entendemos a maneira particular em que o ser, componente supranatural do homem, está presente em cada indivíduo e se quer manifestado no mundo n’ele e através d’ele. Chegar a manifestar esta presença é o desejo profundo, a esperança e o dever fundamental do homem. É do cumprimento (accomplishment) deste dever que dependem afinal a verdadeira felicidade e a verdadeira cura.
A terapêutica pragmática preocupa-se em “saber fazer”- saber agir, lutar, compreender, modelar, trabalhar, adaptar-se, etc. - em suma, de capacidade e de eficácia. A terapêutica iniciática dirige-se ao homem, considerado independentemente das suas capacidades de rendimento e de eficácia no mundo, ao homem desejoso de realizar o accomplishment do seu ser; ela visa a transparência e a maturidade.”
(minha tradução com início na página 51 do livro "Exercices Iniciatiques dans la psychothérapie" do Mestre Karlfried Graf Durckheim)
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