sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

O caminho da demente

O caminho da demente começou era ela adolescente. Até que um dia acordou, sonhou que tinha sido demente num hospital para crianças onde lhes ensinava umas danças de engate e de bonança com propensão para o refrão mais cinco pedras na mão. As crianças, doentes, com seus sete instrumentos, num hospital cheio de teias, atiravam aranhiços, centopeias como sinal de emoção. Uma criança mais douta, com enxoval já tratado, notou que "demente" é quem é prisioneiro de mente; outra criança, meio vesga, e mais saída da casca, discordou notando que isso não interessava nada, que o mundo acabava num instante antes mesmo de enfatizações. A demente, cansada, vestiu um fato de velha e foi vender sardinha assada não sendo, porém, época dela. Muniu-se de adjectivos para caracterizar a sardinha, não lhe restava senão adjectivos porque não havia sardinhas. Vendeu muitos adjectivos que se assemelhavam muito a sardinhas, eram pequeninos como a sardinha e esclarecedores como os adjectivos. A caminho da premência a demente morreu, retirou-se de cena, com uma congestão inexplicável, incompreensível, inexprimível, inigualável, foi o que deus lhe deu.

3 comentários:

  1. Excelente ironia do que também tem sido este blogue... Perspicaz, como sempre !...

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  2. este blogue? mas agora é tudo acerca deste blogue?! que blogue mais egocentrado!

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  3. E sobretudo acerca da nossa propria ignorancia, cegueira e loucura. Enfim, da nossa propria condicao humana

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