"A melhor metáfora para a nossa experiência neste mundo é a de um sonho épico com uma quantidade de histórias complexas e entrelaçadas, altos e baixos, dramas e emoções fortes. Se um episódio do sonho está repleto de diabos e bichos, temos a esperança de escapar. Quando abrimos os olhos para ver a ventoinha a girar no tecto, ficamos aliviados. A bem da comunicação, dizemos "Sonhei que o diabo me perseguia" e sentimos alívio por ter escapado às garras do diabo. Mas não é como se o diabo se tivesse ido embora. O diabo nunca entrou no nosso quarto durante a noite e, enquanto estávamos a ter a horrível experiência com ele, também não estava lá. Quando despertamos na iluminação, nunca fomos um ser sensível, nunca combatemos. A partir de então, não temos de estar em guarda contra o regresso do diabo. Quando nos tornamos iluminados, não podemos lembrar-nos de quando éramos um ser ignorante. Não é necessária mais meditação. Não há nada a recordar, porque nunca esquecemos nada.
Como disse o Buda no Sutra da Prajnaparamita, todos os fenómenos são como um sonho e uma ilusão, mesmo a iluminação é como um sonho e uma ilusão. E se há algo maior ou mais grandioso do que a iluminação, isso também é como um sonho e uma ilusão. O seu discípulo, o grande Nagarjuna, escreveu que o Senhor Buda não declarou que após abandonar o samsara existe o nirvana. A não existência do samsara é o nirvana. Uma faca torna-se afiada como resultado de dois desgastes: o desgaste da pedra de amolar e o desgaste do metal. Do mesmo modo, a iluminação é o resultado do esgotamento dos obscurecimentos e do esgotamento do antídoto dos obscurecimentos. Por fim, temos de abandonar a via para a iluminação. Se ainda nos definimos como um budista, não somos ainda um Buda"
- Dzongsar Jamyang Khyentse Rinpoche, What Makes you Not a Buddhist, Boston/Londres, Shambhala, 2007, pp.105-106.
Como disse o Buda no Sutra da Prajnaparamita, todos os fenómenos são como um sonho e uma ilusão, mesmo a iluminação é como um sonho e uma ilusão. E se há algo maior ou mais grandioso do que a iluminação, isso também é como um sonho e uma ilusão. O seu discípulo, o grande Nagarjuna, escreveu que o Senhor Buda não declarou que após abandonar o samsara existe o nirvana. A não existência do samsara é o nirvana. Uma faca torna-se afiada como resultado de dois desgastes: o desgaste da pedra de amolar e o desgaste do metal. Do mesmo modo, a iluminação é o resultado do esgotamento dos obscurecimentos e do esgotamento do antídoto dos obscurecimentos. Por fim, temos de abandonar a via para a iluminação. Se ainda nos definimos como um budista, não somos ainda um Buda"
ResponderEliminarEsta passagem toca-me profundamente...e direi, divagante:
a eterna verdade habita
o mundo oceânico das profundezas do Ser
memórias dos arquétipos universais!
e traz-nos a imperiosa necessidade
do absoluto...
transcendente
rectifico :
ResponderEliminaronde está escrito memórias deverá ler-se memória.
Este texto é dos mais lindos que já li...
ResponderEliminarmas não posso deixar de acrescentar (tinha de ser!!) que a beleza esconde a trivialidade: a Iluminação afinal não existe! O que existe é meramente a dissolução dos ideais, das ilusões. À medida que deixamos de ser Budistas, benfiquistas, idealistas, realistas, existencialistas, aquilo que não tem causa nem é por acaso começa a habitar cada vez mais em nós. Chamem-lhe "inspiração". Começamos a viver cada vez mais inspirados, confiantes nisso que desconhecemos mas que é a cor e o sentido dos dias de oiro...
Não é complicado, basta ir dizendo sim e ter confiança / ser Amor.
Hummm... se calhar devíamos chamar aqui alguém que saiba realmente disto!!
Mestre! Chamada à cabine de som!! À cabine de som, por favor!! Precisamos de si aqui! ...
Ai ai ^_^