Biltà di donna e di saccente core
e cavaliere armati che sien genti;
cantar d’augelli e ragionar d’amore;
adorni legni’n mar forte correnti;
aria serena quand’apar l’albore
e bianca neve scender senza venti;
rivera d’acqua e prato d’ogni fiore;
oro, argento, azzuro n’ornamenti:
ciò passa la beltate e la valenza
de la mia donna e’l su’gentil coraggio,
sì che rasembra vile a chi ciò guarda;
e tanto più d’ogn’altr’há canoscenza,
quanto lo ciel de la terra è maggio.
A simil di natura ben non tarda.
Beleza de dama e de coração sábio
e cavaleiros armados que sejam gente;
cantar de pássaros e razoar d’amor;
armar barcas no forte mar corrente;
brisa serena ao primeiro alvor
e branca neve descendo sem vento;
ribeiro d’água e prado de toda a flor;
ouro, prata, lápis-lazúli em ornamento:
tudo isto vence a beleza e o valor
da minha senhora e o seu gentil coração,
parecendo vil a quem o observa;
e de tudo o mais tem ela tanto entendimento,
quanto o céu sobre a terra se eleva.
O bem não adia a sua imagem na natureza.
Guido Cavalcanti (1259?-1300?)
Um colírio para a alma, poesia desta, depois da anterior enxurrada de obscenidades !...
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