quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Poema do Dolce Stil Novo

Biltà di donna e di saccente core

e cavaliere armati che sien genti;

cantar d’augelli e ragionar d’amore;

adorni legni’n mar forte correnti;


aria serena quand’apar l’albore

e bianca neve scender senza venti;

rivera d’acqua e prato d’ogni fiore;

oro, argento, azzuro n’ornamenti:


ciò passa la beltate e la valenza

de la mia donna e’l su’gentil coraggio,

sì che rasembra vile a chi ciò guarda;


e tanto più d’ogn’altr’há canoscenza,

quanto lo ciel de la terra è maggio.

A simil di natura ben non tarda.


Postei aqui o original, porque é necessário lê-lo em voz alta.

Agora, uma tradução literal:


Beleza de dama e de coração sábio

e cavaleiros armados que sejam gente;

cantar de pássaros e razoar d’amor;

armar barcas no forte mar corrente;


brisa serena ao primeiro alvor

e branca neve descendo sem vento;

ribeiro d’água e prado de toda a flor;

ouro, prata, lápis-lazúli em ornamento:


tudo isto vence a beleza e o valor

da minha senhora e o seu gentil coração,

parecendo vil a quem o observa;


e de tudo o mais tem ela tanto entendimento,

quanto o céu sobre a terra se eleva.

O bem não adia a sua imagem na natureza.



Guido Cavalcanti (1259?-1300?)

1 comentário:

  1. Um colírio para a alma, poesia desta, depois da anterior enxurrada de obscenidades !...

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