O Riso de Eros

Ele viu-a e sorriu. Ela viu-o e sorriu. Ele reparou, num relance, na delicadeza dos seus tornozelos e joelhos. Ela reparou que ele reparara. Compôs o vestido e sorriu.
Assim ficaram para sempre, no mais íntimo um do outro inscritos.

Cíntia balouça-se, inocente, o vestido desabotoado e esvoaçante, as pernas nuas livres ao vento. Mal sabe o que no bosque a espreita, longo e forte, brilhante e duro.

Cresço em tua boca
como torre em chamas
num Céu infinito

Abriu as pernas para que ele a penetrasse. E o mundo regressou, violento, à origem.

Mal dos amantes que se não aprofundam até ao Infinito.

Aparecem um deus e uma deusa no céu enlaçados. Despertam enfim os humanos para quem são.

É a puta de Deus. Por caridade oferece-se a todos os homens. Por vezes também às mulheres. Nela todos comungam e em todos comunga a hóstia do Infinito.

Vera passa, o vestido ligeiro dançando ao vento. Olhos e falos para ela se erguem, como girassóis para a luz.

Sentas-te, cruzando as pernas: desapareço na iluminação do mundo.

- Aaaaahhhh !!!... - Elisa gritava sempre, quando Marco a penetrava fundo. O seu grito era a única prova da existência de Deus.

Era bom agarrá-la pelas crinas. Montar-lhe na garupa. Fazê-la galopar nos céus que não podem esperar.

Eva gostava de receber cartas de amor. E depois no mais íntimo a pulsão voraz que as escrevia.

Quanto mais ele nela se embrenhava, mais Maria via o mundo como realmente é: nem real, nem irreal.

Veneza. Uma gôndola docemente embalada ao ritmo de gemidos fundos. A lua, de nuvens um instante liberta, surpreende um vulto dobrado entre louras pernas abertas.

As mãos do amante ondulavam-lhe pelas pernas como tépidas ondas marítimas sobre areias douradas.

Amavam-se até à implosão. E, por se não virem, viravam-se e ao mundo do avesso.

(todos os nomes são puras ficções)