segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Na sequência de enlaces e implosões...

Luva

Dá-me a tua luva
Dá-me o teu colchão
Deixa-me só um bocado mesmo caído morto
Daquele limiar da noite
Um certo vagar deserto onde o conforto habite
Onde suspires o incerto e arrebites
Na solidão

Dá-me a tua luva
Dá-me a tua mão
Seda, cetim, lã, pele, marfim
Pura
A tua cobertura ebúrnea

Dá-me essa pupila
Vê se me invades decididamente
Com amor e alarde e ataque
Efusivamente
Tipo norte-americanos no Iraque

Dá-me o prado da janela do comboio
A cheirar a uva
Dá-me a tua turva esperança
Dá-me a tua curva estrada
Não me importa e não me estorva com efeito nada
Senão a tua lembrança sem ti

Dá-me o teu Inverno
Cada tua estação
Faz-me teu eterno e derradeiro amado e perdão
Dá-me a tua luva
Dá-me a tua luva
Dá-me a tua mão

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