O CAMINHO DA SERPENTE

"Reconhecer a verdade como verdade, e ao mesmo tempo como erro; viver os contrários, não os aceitando; sentir tudo de todas as maneiras, e não ser nada, no fim, senão o entendimento de tudo [...]".

"Ela atravessa todos os mistérios e não chega a conhecer nenhum, pois lhes conhece a ilusão e a lei. Assume formas com que, e em que, se nega, porque, como passa sem rasto recto, pode deixar o que foi, visto que verdadeiramente o não foi. Deixa a Cobra do Éden como pele largada, as formas que assume não são mais que peles que larga.
E quando, sem ter tido caminho, chega a Deus, ela, como não teve caminho, passa para além de Deus, pois chegou ali de fora"

- Fernando Pessoa, O Caminho da Serpente

Saúde, Irmãos ! É a Hora !


terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Depois da "Folia"

Sim, a peça, nós sabemos que a peça.
Mas, afinal, no final das contas o que conta é o que a gente sente.
Vamos então dar expressão ao esterco que a gente sente. A gente sabe, sim, que as coisas não são assim, que não são feias e nervosas mas a gente sim. Vamos então vomitar à vontade se é assim que a gente sente. Tudo bem, a vida é bela, como era dantes, mas a peça não está feita para quem já chegou a um nível alto de mal estar. Só devia entrar quem preenchesse os requisitos de ficar quieto por um minuto. Não quieto no sítio, quieto na cara. Não é para todos a libertação. É preciso não estar doente para a libertação, não me venham dizer que é para todos.
Por isso, meu amigo, meu ragazo ou o caraças, não subamos trepadeiras se nem sequer temos ventosas para subir. Assumamos, então, o nosso desespero que nos sairemos muito melhor nessa área. Se tentarmos aquela alegria, que eu bem conheço, nem a palhaços tristes conseguimos dar figura. Por agora sejamos ora medo, ora culpa, ora ansiedade, ora incómodo totalmente, já, físico, descontrolado. E teremos mais consciência deste estado para o próximo passo.
Não tenhas medo de ser triste se agora é triste que és.
6/7/2007

1 comentário:

Anónimo disse...

Bom estilo. Nervoso, frontal e fero. Cru e nu. Profundo. Sem ademanes literários.