tag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post4392301558062454648..comments2023-10-14T13:18:12.200+01:00Comments on Serpente Emplumada: Farol de Alexandria: o paradigmaPaulo Borgeshttp://www.blogger.com/profile/06481949356711352215noreply@blogger.comBlogger8125tag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post-18924898473410510112008-12-09T19:42:00.000+00:002008-12-09T19:42:00.000+00:00Entre o sincretismo, que importa dilucidar o que s...Entre o sincretismo, que importa dilucidar o que seja (e se sirva ele, e para que sirva), o ecumenismo “depurativo das pretensões unilaterais à verdade” e “a dedicação exclusiva a uma única via”, aqui brevíssimas notas se me suscitam.<BR/><BR/>Sem de todo querer ser impreciso (e muito menos injusto), se bem entendi o que quis dizer, João, parece-me que se coloca numa situação digamos de “incerteza quântica” (que não digo seja, por isso, incerta ou in-certa), nem “dúbia” (não digo também que de dúvida seja), mas porventura demasiadamente “confortável” (ainda que prazeroso lhe possa não ser tal “conforto”) por aparentemente cuidar o João em demasia (parece-me) de cingir-se a um como que imperioso manter-se “de fora” de todo o comprometimento firmado, quer, como diz, na “dedicação exclusiva a uma única via”, quer numa qualquer expressão de "religiosa fidelidade". <BR/>Desde logo, coisa que o João parece não aperceber-se, isso impede-o claramente de "saber" – posto que para o saber e o sabor, importa obviamente alguma dose do provar - de saber quanto aqui se pondera, para assim mais distintamente lograr ver, vivenciar e pensar o que veja, vivencie e entenda, ou contrário disso. <BR/>Talvez por isso, fala com argumentos do lado da “religião” e da história dela (vide os exemplos dela retirados, com que ilustra de forma aliás interessante o seu pensar), quando isso convenha ao que se propõe provar, mas posiciona-se, de algum modo, mais do lado duma certa “espiritualidade” - não diria do das imprecisões nem das carências de precisão desta, diria sim da sua ambiguidade, que não das suas ambíguas expressões hodiernas -, quanto ao que o João pretenda objectar. <BR/>No fundo, ao que se me afigura, e apesar do luxo do aparato das referências em nota, o João parece, muito convenientemente, digamos, querer aparentar ter o pé em vários mundos diversos, por não querer, pelas aduzidas razões, tê-los em nenhum.<BR/>Como mais ou menos diz o povo: quem assim não prova, assim não come.<BR/>Seja como for, gratíssimo pelo seu belo e estimulante texto.<BR/><BR/>(Explicarei em separado, e mais tarde, quando o tempo e o discernimento mo permitam, o que seja eu capaz quanto a alguns aspectos do que aqui fica por dizer quanto a certas questões ponderosas, mais estritamente “religiosas” ou re-ligantes. <BR/>Outras ficarão, para outra ocasião e lugar, designadamente na margem do importante excerto de “Tempos de Ser Deus. A espiritualidade ecuménica de Agostinho da Silva”, de Paulo Borges, por ele aqui publicado, e que me parece lugar bem mais indicado para a devida ponderação de tais outros questionamentos)Luiz Pires dos Reyshttps://www.blogger.com/profile/10903670477630329375noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post-48193967988592677142008-12-09T11:27:00.000+00:002008-12-09T11:27:00.000+00:00João, surpreende-me que te precipites tanto, concl...João, surpreende-me que te precipites tanto, concluindo das minhas reservas perante o sincretismo um mundo de coisas que nunca disse!... Acusares-me de propor a imitação mecânica de uma via, toda a vida!... Que via se pode seguir mediante uma "imitação mecânica"!?<BR/>Na verdade não cheguei a tomar posição sobre esta questão complexa, por falta de tempo, e o que mostras é identificares Espírito Santo com sincretismo e não admitires nada fora disso... Não arriscas transformares assim o sincretismo num novo dogma e verdade única, semelhante ao que supõe superar?... E o que é isso do Espírito Santo? Explica então, já que tão bem intuis a sua "verdadeira natureza".<BR/><BR/>Um AbraçoPaulo Borgeshttps://www.blogger.com/profile/06481949356711352215noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post-88633057224171899922008-12-08T19:45:00.000+00:002008-12-08T19:45:00.000+00:00Ainda assim, Paulo, não posso deixar de dizer que ...Ainda assim, Paulo, não posso deixar de dizer que ter tantas reservas em relação ao sincretismo (ainda que seja necessário esclarecer devidamente o que se entende por isso) não faz muito sentido para quem deveria ter uma consciência clara sobre a natureza do Espírito Santo. Pretender que a libertação da consciência só possa ser realizada através da dedicação exclusiva a uma única via parece-me uma violação aos mais elementares princípios de liberdade, criatividade, autonomia e independência. É um facto que todas as grandes religiões estão pejadas de sincretismos (o que é o cristianismo senão uma síntese de diversas tradições... Negar a quem quer que seja, por princípio,a possibilidade de ser inteligentemente capaz de se relacionar com o Espírito Santo sem a necessidade de pertencer exclusivamente a uma única via é o mesmo que negar o próprio Espírito Santo e a centelha de genialidade que existe na inteligência humana. Como se a imitação e a repetição mecânica de uma dada e exclusiva prática, escola, autor, guru ou religião fosse a única maneira de libertarmos as nossas consciências! Isso é o mesmo que me dizerem: «escolhe uma via, dedica-te a ela e só a ela e fecha os olhos para tudo o que não lhe diga respeito»... Como se saúde espiritual, psíquica e física fossem coisas separadas e eu não pudesse recorrer a um psiquiatra porque sou budista, ou recorrer a um pensador cristão, a um médico ayurvédico, a um artista muçulmano. Religião, ciência, música, literatura, dança, filosofia, pintura: como se o Espírito Santo fosse só «isto» ou só «aquilo», como se estivesse só «aqui» ou só «ali»; como se de todos os «istos» e «aquilos», e de todos os «aquis» e «alis» eu não fosse capaz de abstraí-Lo e deixar de necessitar de uma via em particular! Repito: afirmar que só é possível obter a Saúde através da imitação mecânica, para toda a vida, de uma única via exclusiva é o mesmo que afirmar que ainda não se compreendeu o fenómeno religioso, é afirmar que ainda são se compreendeu o que é a espiritualidade, é afirmar que ainda não se intuiu a verdadeira natureza do Espírito Santo.João Beatohttps://www.blogger.com/profile/10940194882957098723noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post-12972397200336599642008-12-08T17:56:00.000+00:002008-12-08T17:56:00.000+00:00Paulo, considero que a Lusofonia poderá vir a dese...Paulo, considero que a Lusofonia poderá vir a desempenhar, em alguns aspectos essenciais, um papel semelhante ao da cultura helenística. Se assim for, não seria suposto surgir uma nova religião: Alexandre foi considerado pelos sacerdotes egípcios como filho de Ámon e sucessor legítimo do poder faraónico. Uma religião que já existia passou a ser chefiada por gregos. É claro que a grande maioria das mentes ocidentais, para as quais os mitos gregos e egípicos não passam de histórias fantásticas, olha para esse acontecimento como uma mera estratégia "política", no seu sentido mais limitado. Pessoalmente não penso assim e acho que esta questão é infinitamente mais complexa. Os cultos de Serápis e de Ísis também não podem ser considerados propriamente uma nova religião, mas sim a universalização de uma forma helenizada da religião egípcia. A ecúmena helenística também não é nada que se possa assemelhar ao monolitismo do império romano e muito menos ao da Igreja Católica. Para além do facto de o império de Alexandre se ter transformado, muito rapidamente, em vários reinos independentes unidos por uma mesma cultura, não se deu qualquer tipo de imposição e homogeneização religiosa como aconteceu com o cristianismo ou o islamismo. Deu-se sim foi a compreensão de que as diversas religiões e cultos derivam de um pricípio comum, sendo que a cultura egípcia foi reconhecida como a que mais perto estava desse princípio. Deste ponto de vista poderíamos dizer que existe uma só religião, a qual se manifesta de variadíssimas formas. De todas as religiões que existem actualmente, haverá alguma que seja reconhecida como a que está mais próxima desse princípio? O que eu acho é que nem sequer esse princípio foi reconhecido a um nível global, mas esse é precisamente o trabalho da Lusofonia. De qualquer das formas, não vejo aí nenhuma pretensão para se criar uma nova religião nem é assunto que me preocupe: o cristianismo foi uma nova religião, o islamismo e o budismo também... Qual foi o fundamento e o mestre espiritual de Cristo, Maomé, Buda? Até nos poderíamos perguntar: o que é uma religião? Se nos ativermos ao pensamento de Krishnamurti, que rejeita as autoridades espirituais, exorta os outros a não se submeterem cegamente às tradições religiosas e a procurarem a libertação por si mesmos, então nunca mais sairíamos daqui.<BR/>Estou perfeitamente consciente de que uma das grandes tarefas da Lusofonia é a questionação do conceito de religião e do fenómeno religioso, assim como do apuramento do que se entende por "libertação da consciência" e "espiritualidade". Que dessa questionação surja uma nova religião, não sei, mas julgo que é inevitável que surjam novas correntes de pensamento, nas mais diversas áreas: filosofia, sociologia, política, direito, medicina, arte, etc. E claro, inevitável também que essas novas correntes de pensamento influenciem as religiões existentes...João Beatohttps://www.blogger.com/profile/10940194882957098723noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post-87768248229825134462008-12-08T11:38:00.000+00:002008-12-08T11:38:00.000+00:00João, a questão directa que coloco é se consideras...João, a questão directa que coloco é se consideras que a Lusofonia pode assumir uma função análoga à de Alexandria no passado e inaugurar um análogo período helenístico. Se assim for, poderá a matriz disto ser a proposta ecuménico-paraclética de Agostinho da Silva? Não será isto pretender criar uma nova religião, sem fundamento num mestre espiritual autêntico? É a questão que a mim mesmo coloco, enquanto autor do "Línguas de Fogo"...<BR/><BR/>AbraçoPaulo Borgeshttps://www.blogger.com/profile/06481949356711352215noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post-5136710264144267542008-12-07T20:03:00.000+00:002008-12-07T20:03:00.000+00:00O que fazem os sincretismos é abrir caminho aos do...O que fazem os sincretismos é abrir caminho aos dogmatismos musculados e inquisitoriais, como as democracias caóticas o fazem às ditaduras. Depois dos actuais devaneios "new age" o que vem aí é uma nova inquisição religiosa. O mundo é um círculo vicioso de absurdo e não possui qualquer sentido evolutivo. A única libertação é individual, para bem de si e de todos.Anonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post-33318173736362849182008-12-07T09:27:00.000+00:002008-12-07T09:27:00.000+00:00João, devo-te algumas respostas, mas terá de ser m...João, devo-te algumas respostas, mas terá de ser mais tarde, pois ando sobrecarregado de trabalho. Saúdo os teus textos sempre muito estimulantes!<BR/>É claro que também valorizo o ecumenismo, mas tenho reservas perante o sincretismo, embora reconheça o seu valor depurativo das pretensões unilaterais à verdade.<BR/><BR/>Um abraçoPaulo Borgeshttps://www.blogger.com/profile/06481949356711352215noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3014313979769592040.post-1326455352200773002008-12-06T22:30:00.000+00:002008-12-06T22:30:00.000+00:00Caro João Beato,Grata pela lição. Já anteriormente...Caro João Beato,<BR/><BR/>Grata pela lição. Já anteriormente tinha abordado, do que me recordo, a extraordinária riqueza desse fusão de tradições filosóficas e religiosas. Nesta,ainda se torna mais claro o sincretismo daí resultante, e o seu cada vez maior interesse no pensamento actual.<BR/>E, no entanto, ainda existem tantas resistências em aceitar com naturalidade essa visão ecuménia da religião. Esclareceu com erudição as questões colocadas por mim, no "Pensar Pessoa" do post anterior.<BR/><BR/>Obrigada e um sorriso.Anonymousnoreply@blogger.com