GRANDES SÓ A MINHA ALDEIA
E EU
vivo no campo
- a 2 quilómetros da Aldeia
da minha Aldeia
a 7 da Vila
a 20 da Cidade
vivo a não mais de 150
quilómetros de Lisboa
- que é a capital de Portugal
como o Mundo é pequeno
- acabo de confirmar:
não mais de 200 países como Portugal
a despeito da China e da Índia
e da Rússia
e dos Estados Unidos da América
- não mais de 200 países como Portugal
há quem já os tenha percorrido a todos
dado a volta ao Mundo
onde cabem estes 200 países
é aquilo a que chamamos
World
Earth (?)
Monde
Mundo
uma frágil bolinha de sabão
pronta a esvair-se
ao menor grão de areia
que lhe surja no percurso
já Universo é coisa bem maior
é noite
-paro o carro junto à casa onde moro
como sempre virado para Norte
à minha frente a Ursa maior
um pouco à direita
à minha mão direita
a menos de um metro de distância
a simpática W/Cassiopeia
atrás de mim - nem preciso olhar para saber -
um extenso ligeiramente encurvado rabo-de-gato - a nossa Via Látea-
com ninguém sabe quantos milhões de estrelas como o Sol
não sei quantos milhares de milhões
de planetas
como este nosso a que chamamos Mundo
ainda à direita - e mais alto do que o binómio
Ursa Maior-Cassiopeia
o caracol de Pastelaria
a que em boa hora deram o nome de
Andrómeda
que eu já vi
duas ou três vezes
enrolada na sua bela pequenez
sem sair do carro
penso em como tudo isto é belo
e ridiculamente pequeno apesar de tudo
não há Lua
Marte fulge
por cima da cumieira do Monte
abro a porta do carro
saio
viro-me rigorosamente para Norte
sou intransigento nisso
abro o fecho-eclaire das calças
esboço um sorriso
mijo
Um espaço para expressar, conhecer e reflectir as mais altas, fundas e amplas experiências e possibilidades humanas, onde os limites se convertem em limiares. Sofrimento, mal e morte, iniciação, poesia e revolução, sexo, erotismo e amor, transe, êxtase e loucura, espiritualidade, mística e transcendência. Tudo o que altera, transmuta e liberta. Tudo o que desencobre um Esplendor nas cinzas opacas da vida falsa.
terça-feira, 30 de julho de 2013
segunda-feira, 29 de julho de 2013
sexta-feira, 26 de julho de 2013
domingo, 21 de julho de 2013
ERAM SEMPRE NOVE À HORA DA COMIDA
sete fêmeas e dois machos
- elas, duas brancas
três tartarugas
uma indefinida e uma preta
eles, machos,
um amarelo tigrado
o outro - pardo
dos machos
com o andar do tempo
veio um branco não sei de onde
que após muita porrada
expulsou em definitivo
o pardo
e o amarelo
passaram
a ser só oito à hora da comida
só oito
até que uma das tartarugas deu à luz
3 amarelos
outra tartaruga
pariu 4 brancos - com as extremidades amarelas
- um dos quais desapareceu
nas múltiplas mudanças
a que a mãe os sujeitou
a preta pariu três
-cada um de sua cor - um preto
um branco
um amarelo
há ainda uma tartaruga
e uma branca por parir
de qualquer modo
são agora 9
mais 9 além dos nove iniciais
(8 desde que o branco chegou
e expulsou o pardo e o
amarelo)
são agora portanto
- para mal de meus
orçamento e vida -
17 gatos
à hora
da comida
sete fêmeas e dois machos
- elas, duas brancas
três tartarugas
uma indefinida e uma preta
eles, machos,
um amarelo tigrado
o outro - pardo
dos machos
com o andar do tempo
veio um branco não sei de onde
que após muita porrada
expulsou em definitivo
o pardo
e o amarelo
passaram
a ser só oito à hora da comida
só oito
até que uma das tartarugas deu à luz
3 amarelos
outra tartaruga
pariu 4 brancos - com as extremidades amarelas
- um dos quais desapareceu
nas múltiplas mudanças
a que a mãe os sujeitou
a preta pariu três
-cada um de sua cor - um preto
um branco
um amarelo
há ainda uma tartaruga
e uma branca por parir
de qualquer modo
são agora 9
mais 9 além dos nove iniciais
(8 desde que o branco chegou
e expulsou o pardo e o
amarelo)
são agora portanto
- para mal de meus
orçamento e vida -
17 gatos
à hora
da comida
quarta-feira, 17 de julho de 2013
segunda-feira, 8 de julho de 2013
domingo, 7 de julho de 2013
gosto
gosto do teu abraço
gosto do teu sorriso
gosto quando lês em voz alta
gosto quando falas de história
gosto quando me dás a ler
gosto quando me levas ao cinema
gosto quando te irritas
gosto quando me dizes não
gosto de ver o tejo contigo
gosto do que não gosto
gosto da tua impaciência
gosto da tua generosidade
gosto da tua resistência
gosto da tua janela florida
gosto dos teus livros espalhados
gosto da tua musica
gosto da tua mão nos meus ombros
gosto do teu beijo na minha testa
gosto de ti assim
como és
gosto do teu sorriso
gosto quando lês em voz alta
gosto quando falas de história
gosto quando me dás a ler
gosto quando me levas ao cinema
gosto quando te irritas
gosto quando me dizes não
gosto de ver o tejo contigo
gosto do que não gosto
gosto da tua impaciência
gosto da tua generosidade
gosto da tua resistência
gosto da tua janela florida
gosto dos teus livros espalhados
gosto da tua musica
gosto da tua mão nos meus ombros
gosto do teu beijo na minha testa
gosto de ti assim
como és
sábado, 6 de julho de 2013
lagartos ao sol
Um grupo de restaurantes vazios decoram a praia urbana. Uma família numerosa de prédios com varandas fechadas e parques de campismos com roulotes instaladas há anos completam o cenário.
As mercearias concorrem derrotadas com os mini-mercados.
Um casal cuja faixa etária parece-se com a minha, pergunta:
- Os bancos estão abertos aos sábados?
Responde o merceeiro
- Só em Paris...
Na Costa da Caparica, há brasileiros e portugueses, velhos e jovens, brancos e pretos, gordos e magros e gordos de novo. Um hamburguer ao modo Mc Donald's custa menos de 2€.
A caminho da praia encontro Rosa com a família. Chapéus de sol, sacos com comida e bebidas tornam a bagagem do fato de banho pesada.
É com esforço que damos um abraço, as nossas mochilas atrapalham. Resignadas sorrimos.
- Como estás? Há tempo tempo! Não envelheces...
- Nem tu!
Ambas sabemos que mentimos. Do meu lado intactas restam as sardas, do lado de Rosa, os mesmos ombros magros contrastam agora com a gordura acumulada nas ancas.
- Mas como estás?
- Desempregada...
- Mas fora isto, está tudo bem?
...
O nosso olhar vagueia. Pede um mergulho. O mar está povoado de banhistas como se fossem peixes - na rede boa presa.
Na areia - lagartos ao sol.
quinta-feira, 4 de julho de 2013
desejo
redondo, quase sem forma, viaja do pescoço ao dorso
ganha ânimo na despedida, quando no ventre faz ninho
roubando ao tempo o que tempo não dá
é assim o desejo que teimoso regressa
tempestade serena que a vontade alimenta
euforia que se escapa, foge e acorda
até que com ele a morte case.
terça-feira, 2 de julho de 2013
alentejo
Pedi ao céu que não
e fico nua
Febril em mim, habitas
Antes,
a antiga sorte
da tua ausência.
Agora sem ti
sou tua
e fico nua
Febril em mim, habitas
Antes,
a antiga sorte
da tua ausência.
Agora sem ti
sou tua